Gastos com saúde das famílias brasileiras aumentam, principalmente com medicamentos, apesar da redução nos serviços privados.

Os brasileiros estão enfrentando mudanças significativas nos seus gastos com saúde, conforme apontam os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira, 5. De acordo com o levantamento Conta-Satélite de Saúde, a participação das despesas com saúde no consumo final das famílias aumentou de 7,3% em 2010 para 9,2% em 2021.

Uma das principais descobertas da pesquisa é que, apesar da alta nos gastos com saúde, os brasileiros têm diminuído suas despesas com serviços de saúde privada, como consultas e planos de saúde. Em contrapartida, observou-se um aumento nos gastos com medicamentos. Em 2021, cerca de 33,7% das despesas familiares com saúde foram destinadas à compra de remédios, um aumento em relação ao ano anterior, quando esse percentual foi de 32,5%.

A recente autorização do governo federal para o reajuste de até 4,5% nos preços dos medicamentos gerou preocupação entre os consumidores. Segundo uma análise feita pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), o reajuste real para o consumidor pode ser maior do que o estabelecido com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Apesar da existência do Sistema Único de Saúde (SUS) e das farmácias populares, os brasileiros ainda acabam desembolsando mais dinheiro do que o governo quando o assunto é saúde. O IBGE aponta que as famílias e instituições sem fins lucrativos foram responsáveis pela maior parte dos gastos com saúde em 2020 e 2021, enquanto as despesas do governo se mantiveram em torno de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) nesses mesmos anos.

Em comparação com países desenvolvidos que integram a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil apresenta um gasto proporcional em saúde semelhante. No entanto, essa semelhança é alcançada graças aos altos gastos das próprias famílias brasileiras. Em 2021, o gasto per capita com saúde no Brasil foi de R$ 2.387,50, enquanto a despesa per capita do governo foi de R$ 1.703,60.

Em termos comparativos, o Brasil apresenta despesas com saúde 2,9 vezes menores do que a média observada para os países da OCDE. Países como Alemanha, França e Reino Unido lideram as maiores despesas públicas na área de saúde, com percentuais que chegam a mais que o dobro do investimento brasileiro.

Diante desse cenário, é importante que as políticas públicas de saúde no Brasil busquem equilibrar os gastos entre famílias e governo, garantindo um acesso mais igualitário e eficiente aos serviços de saúde para toda a população.

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