Uma das principais descobertas da pesquisa é que, apesar da alta nos gastos com saúde, os brasileiros têm diminuído suas despesas com serviços de saúde privada, como consultas e planos de saúde. Em contrapartida, observou-se um aumento nos gastos com medicamentos. Em 2021, cerca de 33,7% das despesas familiares com saúde foram destinadas à compra de remédios, um aumento em relação ao ano anterior, quando esse percentual foi de 32,5%.
A recente autorização do governo federal para o reajuste de até 4,5% nos preços dos medicamentos gerou preocupação entre os consumidores. Segundo uma análise feita pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), o reajuste real para o consumidor pode ser maior do que o estabelecido com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Apesar da existência do Sistema Único de Saúde (SUS) e das farmácias populares, os brasileiros ainda acabam desembolsando mais dinheiro do que o governo quando o assunto é saúde. O IBGE aponta que as famílias e instituições sem fins lucrativos foram responsáveis pela maior parte dos gastos com saúde em 2020 e 2021, enquanto as despesas do governo se mantiveram em torno de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) nesses mesmos anos.
Em comparação com países desenvolvidos que integram a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil apresenta um gasto proporcional em saúde semelhante. No entanto, essa semelhança é alcançada graças aos altos gastos das próprias famílias brasileiras. Em 2021, o gasto per capita com saúde no Brasil foi de R$ 2.387,50, enquanto a despesa per capita do governo foi de R$ 1.703,60.
Em termos comparativos, o Brasil apresenta despesas com saúde 2,9 vezes menores do que a média observada para os países da OCDE. Países como Alemanha, França e Reino Unido lideram as maiores despesas públicas na área de saúde, com percentuais que chegam a mais que o dobro do investimento brasileiro.
Diante desse cenário, é importante que as políticas públicas de saúde no Brasil busquem equilibrar os gastos entre famílias e governo, garantindo um acesso mais igualitário e eficiente aos serviços de saúde para toda a população.