Jogo do Bicho e Milicianos: Os Bastidores dos Assassinatos de Marielle Franco e Regina Celi pelo Policial Ronnie Lessa.

No segundo semestre de 2017, o policial militar Ronnie Lessa estava envolvido em duas encomendas relacionadas ao crime, de acordo com as investigações da Polícia Federal. Ronnie Lessa, conhecido por sua atuação como matador de aluguel, teria recebido ordens de grupos criminosos distintos para realizar assassinatos. Por um lado, políticos ligados a milícias teriam encomendado a morte da vereadora Marielle Franco, do PSOL. Por outro lado, o bicheiro Bernardo Bello teria ordenado a morte da presidente da Escola de Samba Salgueiro, Regina Celi.

Ronnie Lessa e sua equipe, com a necessidade de cumprir as ordens, teriam monitorado os dois alvos praticamente ao mesmo tempo, planejando até mesmo utilizar o mesmo carro nas duas execuções. No entanto, Regina Celi não chegou a ser assassinada.

Detalhes sobre os planos de Lessa foram revelados por ele mesmo em um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal, no âmbito das investigações sobre a morte de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em março de 2018. O acordo foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal e resultou na prisão de três suspeitos apontados como os mandantes do crime: o deputado federal Chiquinho Brazão, seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa.

O advogado de Domingos Brazão negou o envolvimento de seu cliente nos homicídios e declarou surpresa com as acusações. As defesas de Rivaldo Barbosa e Chiquinho Brazão não foram contatadas.

O vínculo de Ronnie Lessa com o crime do jogo do bicho é conhecido há pelo menos 10 anos. Ele teria sido recrutado para assassinar Marielle e Regina Celi quase simultaneamente. Bernardo Bello, apontado como o mandante do assassinato de Regina Celi, estaria envolvido em disputas pelo controle do Salgueiro.

Após a conclusão das investigações e as prisões dos suspeitos, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, declarou que as ações representam um “triunfo expressivo do Estado brasileiro contra a criminalidade organizada”. As investigações sobre a morte de Marielle e Anderson Gomes foram encerradas, segundo o diretor-geral da Polícia Federal Andrei Rodrigues.

Esses acontecimentos revelam um cenário complexo de relações criminosas e disputas pelo poder, que resultaram em tragédias como a morte de Marielle Franco e Anderson Gomes. A justiça avança, mas ainda há muitos desafios a serem enfrentados no combate à criminalidade organizada.

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