O resultado de fevereiro marca a volta do IGP-M para o campo negativo, após cinco meses de variações positivas. A última deflação havia ocorrido em agosto de 2023, com um índice de -0,14%. Desde então, o indicador vinha apresentando acelerações graduais, chegando a 0,74% em dezembro, antes de registrar 0,07% no mês de janeiro.
De acordo com o coordenador dos Índices de Preços da FGV, André Braz, o setor de alimentos teve um papel importante na manutenção da inflação negativa. Mesmo com os efeitos do fenômeno climático El Niño, que prejudicaram algumas safras, não foi observada uma redução generalizada na produção agrícola nacional. Braz ressaltou que a ampliação da oferta global de grãos tende a amenizar as pressões inflacionárias sobre os preços dos alimentos no Brasil.
Especificamente, os mercados da soja e do milho tiveram quedas acentuadas nos preços, com recuos de 14,18% e 7,11%, respectivamente. O óleo de soja também teve uma forte influência na contenção da inflação, com uma queda de 13,97%.
O IGP-M é composto por três componentes: o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que tiveram variações de -0,90%, 0,53% e 0,20%, respectivamente.
Como de praxe, o IGP-M é utilizado para reajustar anualmente os contratos de aluguel, sendo também utilizado como indexador em contratos de empresas de serviços diversos, como energia elétrica, telefonia, educação e planos de saúde. A expectativa é que o cenário de desaceleração dos preços se mantenha nos próximos meses, proporcionando um alívio moderado à inflação.