Segundo o relatório da Polícia Federal, Bolsonaro teria recebido uma minuta de decreto de um assessor direto, com intenções de executar um golpe de Estado. A operação apontou ainda reuniões entre militares de alta patente, da ativa e da reserva, para debater aspectos operacionais do golpe, incluindo encontros no Palácio da Alvorada onde a adesão de militares a um plano de golpe estaria em discussão.
A investigação identificou seis núcleos envolvidos na tentativa de golpe de Estado e de ataque ao Estado Democrático de Direito, incluindo desinformação e ataques ao sistema eleitoral, incitação ao golpe entre militares, atuação jurídica, a coordenação de ações de apoio operacional, inteligência paralela e a participação de oficiais de alta patente que legitimavam as ações.
A Operação Tempus Veritatis resultou na expedição de 48 mandados judiciais, sendo quatro de prisão. Dentre os investigados, destacam-se o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno, o ex-ministro da Casa Civil general Braga Netto, o ex-ministro da Defesa general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres, o ex-assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais Filipe Martins e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, endossou todas as medidas autorizadas por Moraes, afirmando que visavam a reversão do resultado das eleições presidenciais de 2022, com o intuito de impedir a posse do candidato eleito e manter Bolsonaro no poder.
A tentativa de golpe também envolveu a atuação de Filipe Martins e do advogado Amauri Feres Saad, que teriam entregue a minuta do decreto para executar o golpe a Bolsonaro em 2022. O documento visava a prisão de ministros do Supremo, alegações de fraude nas urnas eletrônicas e a realização de novas eleições.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, fechou um acordo de colaboração premiada com a PF, fornecendo um vídeo com a gravação de uma reunião de julho de 2022, em que o então presidente cobrava a disseminação de informações falsas sobre supostas fraudes nas eleições, e o general Augusto Heleno mencionava uma “virada de mesa” em relação às eleições.
A Operação Tempus Veritatis revelou ainda um planejamento posterior à derrota de Bolsonaro, envolvendo a ação efetiva de tropas do Exército e a organização de reuniões para pressionar militares a aderirem ao movimento golpista.
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