Ministro do STF autoriza Operação Tempus Veritatis para investigar tentativa de golpe de Estado por Bolsonaro e militares

Na manhã desta quinta-feira, o país foi surpreendido com a deflagração da Operação Tempus Veritatis pela Polícia Federal, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A operação possui caráter investigativo e tem como objetivo desvendar uma tentativa de golpe de Estado que envolveu o ex-presidente Jair Bolsonaro, ministros e assessores do seu governo.

Segundo o relatório da Polícia Federal, Bolsonaro teria recebido uma minuta de decreto de um assessor direto, com intenções de executar um golpe de Estado. A operação apontou ainda reuniões entre militares de alta patente, da ativa e da reserva, para debater aspectos operacionais do golpe, incluindo encontros no Palácio da Alvorada onde a adesão de militares a um plano de golpe estaria em discussão.

A investigação identificou seis núcleos envolvidos na tentativa de golpe de Estado e de ataque ao Estado Democrático de Direito, incluindo desinformação e ataques ao sistema eleitoral, incitação ao golpe entre militares, atuação jurídica, a coordenação de ações de apoio operacional, inteligência paralela e a participação de oficiais de alta patente que legitimavam as ações.

A Operação Tempus Veritatis resultou na expedição de 48 mandados judiciais, sendo quatro de prisão. Dentre os investigados, destacam-se o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno, o ex-ministro da Casa Civil general Braga Netto, o ex-ministro da Defesa general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres, o ex-assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais Filipe Martins e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, endossou todas as medidas autorizadas por Moraes, afirmando que visavam a reversão do resultado das eleições presidenciais de 2022, com o intuito de impedir a posse do candidato eleito e manter Bolsonaro no poder.

A tentativa de golpe também envolveu a atuação de Filipe Martins e do advogado Amauri Feres Saad, que teriam entregue a minuta do decreto para executar o golpe a Bolsonaro em 2022. O documento visava a prisão de ministros do Supremo, alegações de fraude nas urnas eletrônicas e a realização de novas eleições.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, fechou um acordo de colaboração premiada com a PF, fornecendo um vídeo com a gravação de uma reunião de julho de 2022, em que o então presidente cobrava a disseminação de informações falsas sobre supostas fraudes nas eleições, e o general Augusto Heleno mencionava uma “virada de mesa” em relação às eleições.

A Operação Tempus Veritatis revelou ainda um planejamento posterior à derrota de Bolsonaro, envolvendo a ação efetiva de tropas do Exército e a organização de reuniões para pressionar militares a aderirem ao movimento golpista.

Todas as informações foram reportadas sem a citação de fontes oficiais, respeitando as diretrizes jornalísticas de não endossar informações sem a devida checagem e confirmação por parte das autoridades competentes. A Agência Brasil está em contato com as defesas das pessoas mencionadas na reportagem, buscando ouvir todos os lados envolvidos nesse grave episódio que abalou as estruturas do país.

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