Operação Escudo em ação: 7 mortes registradas em confrontos com a Polícia Militar na Baixada Santista, em SP, durante o final de semana.

Nos últimos três dias, a Baixada Santista, no litoral paulista, foi cenário de confrontos que resultaram em sete mortes, em ações policiais. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo (SSP). Segundo a SSP, ao longo desse período, sete ocorrências envolvendo confrontos foram registradas, resultando nas mortes.

Um dos confrontos ocorreu na Vila dos Criadores, em Santos, onde três pessoas foram mortas. Além disso, outras quatro situações envolvendo trocas de tiros resultaram nas demais mortes. No entanto, na sexta-feira, um policial militar também foi morto durante uma ação em Santos.

Como resposta à sequência de confrontos, o governo estadual lançou uma nova fase da Operação Escudo. A ação resultou na prisão de três suspeitos relacionados à morte do policial, na Rodovia Anchieta-Imigrantes. Durante a prisão, uma pistola e diversos cartões bancários foram apreendidos.

Esses incidentes não são a primeira vez que a Baixada Santista se torna palco de confrontos policiais. No ano passado, a morte de um soldado das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), em Guarujá, motivou o estabelecimento da primeira fase da Operação Escudo. Esta resultou na morte de 28 pessoas em 40 dias.

Os índices de letalidade provocada por ações da Polícia Militar dobraram em 2023, na região da Baixada Santista, em comparação com o ano anterior. De acordo com a SSP, 72 pessoas foram mortas pela polícia em 2023, enquanto em 2022, as ações da corporação causaram 34 mortes na região.

Diante desse cenário, a Ouvidoria das Polícias de São Paulo e a Defensoria Pública de São Paulo solicitaram medidas para conter a violência. A Ouvidoria pediu que os policiais militares utilizem câmeras corporais, visando a coleta de provas. Por sua vez, a Defensoria Pública pediu acesso aos boletins de ocorrência das ações da Operação Escudo, além de questionar o uso de câmeras corporais e solicitar informações sobre o planejamento da operação.

Para Giane Silvestre, socióloga pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP), a resposta com operações policiais de confronto é ineficaz para a proteção dos policiais, podendo gerar um ciclo de violência. Segundo a pesquisadora, é fundamental investir em investigações qualificadas para prevenir esse tipo de ataque.

Diante da sequência de mortes, é urgente repensar as estratégias de enfrentamento à violência na região, visando, principalmente, a preservação da vida das pessoas. A repetição dessas operações resultando em um número considerável de mortes não pode ser considerada bem-sucedida, de acordo com a pesquisadora. Em vez disso, é necessário buscar alternativas para prevenir e conter a violência de maneira eficaz e segura.

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