O Rio de Janeiro atingiu em 2023 a menor número de ocorrências de letalidade violenta desde o início da série histórica do ISP (Instituto de Segurança Pública), que começou em 1991, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (19).
Os dados revelam que o indicador de letalidade violenta, que engloba homicídios dolosos, lesão corporal seguida de morte, latrocínio e morte por intervenção policial, registrou 4.257 casos entre janeiro e dezembro do ano passado —uma redução de 5,1% em comparação com o ano anterior.
No entanto, a redução do indicador geral é mascarada pelo aumento de 7,3% nos homicídios dolosos, que totalizaram 3.283 casos no ano passado. A zona oeste da capital foi a região mais afetada, com 726 assassinatos registrados, um aumento de 43,2% em comparação ao ano anterior.
Além disso, a Baixada Fluminense foi a área com mais ocorrência de homicídios em números absolutos, contabilizando 902 casos no último ano. Porém, houve uma queda de 1,4% comparado ao ano anterior.
A análise por região metropolitana também revela um aumento de assassinatos. Na RISP 1, onde fica o centro do Rio, a alta foi de 10,6%, com 286 homicídios registrados. Em Niterói, São Gonçalo e arredores, o aumento foi de 5,7%, totalizando 521 mortes intencionais.
No entanto, apesar do aumento nos homicídios dolosos, a queda no indicador de letalidade violenta é puxada pelo número de mortes por intervenção de agentes do Estado. Em 2023, foram 869 casos —uma redução de 34,7% em comparação ao ano anterior, quando 1.330 pessoas morreram dessa forma.
O sociólogo Daniel Hirata, coordenador do Geni/UFF (Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense), observa que há uma concentração de aumento dos homicídios nas áreas que identificou conflitos entre os grupos armados e entre as forças policiais. Ele destaca que, apesar da queda da letalidade violenta, ela também cresceu onde houve mais conflitos.
Em nota, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), comemorou a redução no indicador de letalidade violenta, atribuindo-a aos investimentos na área de segurança pública e à recriação de uma secretaria específica para a área.
Além disso, o ISP também indicou um aumento de 27,5% no número de fuzis apreendidos em 2023, com um total de 610. No entanto, o total de apreensão de armas caiu 27,6% em comparação ao ano anterior, com um total de 6.281.
O instituto também indicou um aumento no número de desaparecidos e de extorsão. No primeiro, o índice subiu 10,7% em 2023, com 5.815 casos, enquanto o segundo teve um crescimento de 41,7%, com 3.264.
Esses dados revelam um cenário complexo e desafiador para as autoridades e para as pesquisas sociais, que precisam compreender melhor as dinâmicas de atuação dos grupos criminosos no Rio de Janeiro. O aumento dos homicídios dolosos e a expansão de práticas criminosas como extorsão e desaparecimento forçado exigem uma atenção redobrada das autoridades e uma resposta efetiva para garantir a segurança da população fluminense.