Réveillon histórico e caótico em Balneário Camboriú evidencia desafios de cidades com praias engordadas para o turismo

Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, viveu um momento histórico na virada de 2023 para 2024, com mais de 1 milhão de pessoas lotando suas praias ampliadas para assistir a um espetáculo de drones e a tradicional queima de fogos. No entanto, o que era para ser uma festa se transformou em um caos no trânsito, com motoristas parados por horas na BR-101, que corta diversas cidades do litoral brasileiro.

O episódio evidenciou os desafios enfrentados por cidades que realizaram obras para aumentar suas praias visando o turismo. Apesar das megaobras para compensar a erosão marítima, problemas históricos ligados à infraestrutura pública persistem, como a falta de alternativas ao carro, dependência do modal rodoviário, falhas no saneamento básico e balneabilidade ruim, com pontos impróprios para banho.

O professor Francisco Antônio Ferreira, da UFSC, apontou que falta de planejamento e desenho na gestão urbana da cidade. Ele ainda ressaltou que a falta de saneamento da cidade vizinha, Camboriú, vem impactando na balneabilidade de Balneário Camboriú, o que tem gerado críticas por parte de representantes políticos locais.

O prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira, admitiu a existência de problemas, como a falta de saneamento básico e obras malfeitas na estação de tratamento de esgoto, que afetam a balneabilidade da cidade, mas enfatizou que estão buscando soluções conjuntas com a cidade vizinha e realizando obras para aprimorar a infraestrutura urbana.

Além dos desafios relacionados à infraestrutura, a cidade enfrenta a valorização dos imóveis, que vem expulsando moradores locais, tornando Balneário Camboriú inviável para quem vive na cidade. O alto custo do metro quadrado de imóveis residenciais e a falta de moradias populares são obstáculos para a fixação da população local.

A série “Praias Alteradas” da Folha de S.Paulo mostra os efeitos das obras realizadas nas praias brasileiras. As reportagens apresentam os motivos que levaram aos investimentos, as falhas nos projetos e os possíveis impactos futuros com a alteração da costa brasileira. Além disso, apontam como as falhas se repetem em diferentes municípios do país, que carecem de uma integração regional ou nacional para combater a erosão costeira.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo