A reportagem começou com a busca por relatos de pessoas que vivem sob o domínio das milícias. Contudo, a dificuldade imposta pelo medo generalizado e pela própria segurança da equipe jornalística logo se apresentou como um desafio a ser superado. A solução encontrada foi a impressão de 500 cartões com os contatos do jornalista responsável pela série, de modo a garantir a segurança tanto dos entrevistados quanto da equipe.
A abordagem foi variada, com mensagens, videochamadas e encontros presenciais realizados distante dos locais de moradia das vítimas. Os relatos foram, por vezes, perturbadores, revelando uma realidade de opressão, medo e abusos. Do vendedor de vassouras ao empresário obrigado a vender seu comércio, as histórias se entrelaçaram em um cenário de dominação e exploração.
A série também abordou a expansão do controle das milícias para além das áreas que dominam, destacando casos de moradores expulsos de suas residências e até mesmo a participação das viúvas de milicianos. Em um momento tenso, a equipe teve contato com um homem que fora condenado por praticar crimes para a milícia, que chegou a simular uma tortura na mão da repórter.
A tensão e a complexidade desse trabalho jornalístico demonstram a relevância da imprensa na denúncia desses crimes e na busca por transformação. A série Milícia no RJ revela não só a presença ameaçadora das milícias, mas também a coragem e dedicação da equipe da Folha em desbravar e relatar uma realidade perigosa e sufocante. São histórias e testemunhos que clamam por justiça e transformação. Este trabalho de investigação jornalística reflete a importância do jornalismo em levantar temas sensíveis e que afetam milhares de pessoas.