Segundo Devulsky, o colorismo tem raízes históricas no período colonial e no processo de mestiçagem vivido no Brasil, impactando a vida de pessoas racializadas independentemente de sua ascensão social. A pesquisa do Datafolha mostrou que homens e mulheres negros são os que mais percebem a influência da raça nas relações, revelando que há distinções desse impacto com base no tom de pele.
Alessandra Devulsky ressalta a importância da raça na escolha dos parceiros amorosos, explicando que fatores conscientes e inconscientes influenciam nessa decisão. Ela enfatiza que o processo de mestiçagem no país não resolveu o problema do racismo, mas sim reproduziu os elementos raciais, fomentando a valorização da branquitude e a desvalorização da negritude.
A pesquisadora também discute a existência de um “passe” que pessoas de pele clara teriam em determinados ambientes sociais, mas ressalta que esse privilégio é mais frágil nos relacionamentos amorosos, onde questões de afeto, estética e segurança também influenciam.
Sobre as relações afrocentradas, Devulsky destaca que elas representam uma forma de resistência à ideologia da supremacia branca, permitindo um compartilhamento de vivências que desafia a sociedade racista. No entanto, ela também alerta que é importante não estabelecer regras rígidas para os relacionamentos, reconhecendo a complexidade das interações humanas.
Alessandra Devulsky também aborda a questão do colorismo na esfera das relações de amizade e familiares, explicando que a escolha dos amigos e mesmo as relações familiares são permeadas pela questão racial, devido às desigualdades sociais presentes no Brasil.
Por fim, a pesquisadora ressalta que, apesar das desigualdades sociais no país, a raça ainda se sobrepõe à classe na escolha dos parceiros, destacando que mesmo pessoas que galgam espaços na sociedade permanecem sendo racializadas, o que impacta suas interações sociais.