Brasil ainda enfrenta desafios para a destinação adequada de resíduos sólidos, apontam novos levantamentos da Abrema

Crise no Brasil: Destinação Adequada de Resíduos não Atinge Metas

No Brasil, a destinação ambientalmente adequada dos resíduos, sem o uso de lixões e aterros controlados, estava prevista para o ano de 2014. No entanto, as metas não foram atingidas naquele ano, e agora, em 2024, a mesma situação se repete. O país encontra-se estagnado quanto à questão dos resíduos, de acordo com dois novos levantamentos da Abrema (Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente), que serão lançados nesta segunda-feira (11).

Segundo os dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, estima-se que 61,1% dos resíduos sólidos urbanos gerados foram destinados a aterros sanitários em 2022, o que representa apenas uma pequena oscilação em relação ao número de 2021. Além disso, a oferta de coleta seletiva porta a porta no país é baixíssima, atendendo apenas 14,7% da população urbana. Como resultado, cerca de 27,9 milhões de toneladas acabaram em lixões por todo o Brasil, enquanto outros 5,3 milhões de toneladas nem sequer foram coletados, acabando em locais inadequados para o descarte.

O presidente da Abrema, Pedro Maranhão, apontou problemas na implementação de políticas públicas e na falta de vontade política para fazer a questão avançar. A gerente técnica do departamento da Abrema, Letícia Nocko, ressaltou que embora o Brasil tenha uma parte legal interessante relacionada ao tema dos resíduos sólidos, é necessário mais do que isso para que a situação melhore.

Além disso, o Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana (Islu) aponta que 70% dos municípios brasileiros têm aderência muito baixa à política de resíduos. Outros 17% estão na faixa baixa do índice. O Islu considera dados de 2021 e inclui 3.947 cidades. A situação também se mostra problemática nas regiões brasileiras, com estagnação no avanço dentro da aderência política.

Segundo a Abrema, a destinação incorreta de resíduos também é uma questão relacionada à crise climática, que está sendo discutida na COP28, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas. O país recicla menos de 5% dos resíduos sólidos coletados, o que é muito aquém para um país que busca um desenvolvimento mais sustentável.

Considerando o panorama completo, é evidente que o Brasil enfrenta desafios significativos em relação à destinação ambientalmente adequada dos resíduos e à implementação de políticas públicas que visem a melhorar essa situação. Embora tenha havido alguns destaques positivos em alguns estados, é necessário um esforço mais amplo e coordenado para enfrentar esse problema de maneira eficaz. A pressão para cumprir a meta de eliminar os lixões do país até 2024 é grande, mas a realidade prática indica que a tarefa é muito mais desafiadora do que o esperado. Neste momento, é essencial que todos os setores da sociedade, incluindo o governo, as empresas e os cidadãos, trabalhem em conjunto para encontrar soluções sustentáveis e eficazes para a gestão de resíduos no Brasil.

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