Advogada revela a estrutura patriarcal por trás da falta de reconhecimento de violências contra mulheres no Brasil, diz pesquisa

A advogada Fayda Belo lançou o livro “Justiça para Todas” e concedeu uma entrevista à Folha, onde discutiu a estrutura patriarcal que permeia a sociedade brasileira e que contribui para a dificuldade das mulheres em identificar quando estão sendo vítimas de violência.

De acordo com a autora, a dominação masculina é uma herança histórica que oprime e mata as mulheres, demonstrando que a sociedade brasileira foi criada com base nesse sistema. Essa cultura de subjugação feminina ao longo dos séculos foi legitimada por instituições como a Igreja, a polícia e o sistema de Justiça, colocando as mulheres em uma posição inferior e indigna dos mesmos direitos que os homens.

Como especialista em crimes de gênero, direito antidiscriminatório e feminicídio, a advogada viu seu trabalho ganhar destaque durante a pandemia, ao popularizar seu conhecimento na internet. Ela percebeu o interesse do público no direito, que muitas vezes é de difícil compreensão, e passou a traduzir seu conhecimento técnico para o cotidiano, chegando a aparecer em rede nacional, explicando crimes em telejornais.

Seu livro “Justiça para Todas” funciona como um manual que reúne o contexto das leis no Brasil, explicando por que as mulheres têm dificuldade em identificar quando são vítimas de um crime e apontando o papel do Estado nessa construção. Além disso, a obra apresenta diferentes formas de violência contra as mulheres, desmistificando a ideia de que apenas mulheres de determinadas classes sociais ou etnias são afetadas.

Fayda Belo ressalta que, ao escrever o livro, seu objetivo era tornar as leis e os crimes contra as mulheres compreensíveis para todas, independentemente de sua condição social ou racial. Ela busca informar as mulheres sobre seus direitos e encorajá-las a buscar ajuda em situações de violência.

A autora ainda aborda a cultura enraizada de violência contra as mulheres, que remonta ao período imperial, quando as leis eram permissivas em relação às agressões masculinas. Ela argumenta que as mulheres foram condicionadas a aceitar a violência em nome da manutenção da família, mas ressalta a importância de denunciar e buscar proteção, tanto para si mesmas quanto para seus filhos.

Por fim, Belo destaca a importância de as mulheres protegerem a si mesmas e a suas famílias ao denunciarem seus agressores, afirmando que a denúncia não coloca em risco a família, mas sim a protege. Ela ressalta que as mulheres devem buscar amparo para garantir sua saúde emocional e financeira, prevenindo que as violências das quais são vítimas prejudiquem seu desenvolvimento pessoal e profissional.

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