Cenas de terror tomam conta do mundo: a guerra virtual e a luta entre Israel e Palestina revelam o lado mais sombrio da humanidade

Há duas semanas, o mundo é tomado por cenas de terror que penetraram em nossas casas, envenenaram nossas conversas e nos fizeram acreditar no inimaginável. Estamos vivendo um ciclo atroz de violência no outro hemisfério, onde a selvageria do horror é difícil de processar. As pessoas parecem mais tristes, o mundo parece ter retrocedido. Estamos lidando não apenas com as ramificações habituais de uma guerra, mas também com um reality show que expõe o lado mais desumano do ser humano.

Simone Veil, uma sobrevivente do Holocausto e ícone da luta pelos direitos das mulheres, uma vez disse que desde a sua terrível experiência, ela não alimenta mais ilusões. Ela acredita que alguns seres humanos são capazes de fazer o melhor e o pior. E é exatamente essa dualidade que estamos testemunhando agora.

O terrorismo está sendo propagado e celebrado. O grupo Hamas não se acanha em matar, estuprar, sequestrar e torturar civis, deixando claro que não se importa com o sofrimento humano, seja ele israelense ou palestino. Estamos presenciando uma guerra nas redes sociais, onde todos falam muito, mas sabem pouco. As pessoas encaixam os fatos nas suas crenças e relativizam o terror em nome da militância. Perde-se a memória e anestesia-se a dor dos outros.

O mundo virtual, onde somos personagens de nós mesmos, tornou-se um palanque para a propagação de “virtudes” morais. Quanto mais alguém “participa da luta”, mais cidadão ele se torna. Infelizmente, esse ambiente também é propício para a disseminação do ódio. As pessoas compartilham notícias enviesadas e, muitas vezes, acabam estimulando ideologias que pregam o ódio pelo ódio.

Uma das maiores falhas do ser humano é conhecer apenas uma parte da história e achar que sabe tudo. É preciso ter humildade para querer saber e evitar a preguiça intelectual que vicia o pensamento e empobrece as ideias. Quando tudo é visto como uma “narrativa”, a busca pela verdade se torna nebulosa e os assuntos complexos são reduzidos a uma polaridade simplista.

Ao abordar a questão de Israel e Palestina, os preconceitos não tardam a se revelar. No entanto, não podemos equiparar todos os palestinos aos métodos do Hamas. Uma pesquisa recente mostrou que metade dos habitantes de Gaza concordaram que o Hamas deveria buscar uma solução de dois Estados e retomar as negociações com Israel. A maioria dos palestinos deseja a paz, mas infelizmente há grupos extremistas que perpetuam o ódio.

O antissemitismo e o preconceito ainda existem e estão alimentando o ódio, a divisão e a falta de união. Precisamos reconstruir o diálogo e a confiança entre comunidades palestinas e judeus em todo o mundo. Devemos lembrar que todas as vidas, sejam elas palestinas ou israelenses, são igualmente preciosas e estão interligadas. O trabalho de reconstrução precisa começar para evitar o sofrimento de mais uma geração.

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