Relatório da CPMI aponta Jair Bolsonaro como responsável por tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas do 8 de janeiro votará, na tarde desta quarta-feira (18), o relatório apresentado ontem pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA). O documento propõe o indiciamento do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e mais 60 pessoas, incluindo 8 generais das Forças Armadas, por tentativa de golpe de Estado.

Durante a leitura do relatório, a senadora Eliziane Gama enfatizou que o 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe, e que o nome por trás disso era Jair Messias Bolsonaro. Ela ressaltou que a democracia foi atacada, com o uso de discursos de ódio, manipulação das massas, emprego de milicianos digitais, cooptação das forças de segurança e tentativas de corromper, obstruir e anular as eleições.

A oposição apresentou votos em separado e criticou o fato de o relatório não ter pedido o indiciamento de integrantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), do ministro da Justiça, do ex-diretor adjunto da Abin e do ex-presidente Lula. A deputada Jandira Feghali destacou que, com o relatório, a democracia sai vitoriosa sem dar anistia aos golpistas.

O senador Rogério Carvalho ressaltou os problemas históricos vividos pelo Brasil quando os militares se envolvem com política. Ele destacou que a sanha militar sobre a sociedade brasileira e a perseguição à democracia são evidentes. O senador citou o golpe militar de 1964 e afirmou que, em 2018, os militares voltaram com a mesma sanha de querer dominar e mandar no país.

Durante a sessão da CPMI, também houve discussão sobre a participação de um hacker e o chamado gabinete do ódio na tentativa de golpe. Alguns parlamentares criticaram o uso do depoimento do hacker como fundamento do relatório e pediram o indiciamento do gabinete do ódio. Além disso, a oposição classificou as narrativas dos simpatizantes do golpe como delirantes.

No entanto, o ex-ministro Sérgio Moro afirmou que não existem evidências concretas de que o 8 de janeiro tenha sido uma tentativa de golpe. Ele criticou o pedido de indiciamento dos militares, argumentando que não houve movimentação deles em favor de um golpe. Moro também questionou a base do relatório, que se baseia na palavra de um estelionatário para sugerir o indiciamento do ex-ministro da Defesa.

No final das discussões, a senadora Soraya Thronicke elogiou o relatório apresentado pela senadora Eliziane Gama como robusto. Já o deputado André Fernandes reiterou as críticas da oposição por não citar a suposta omissão de Lula e outros políticos.

O relatório da CPMI representa um importante passo na investigação dos atos golpistas do 8 de janeiro, levantando questões sobre a participação de Bolsonaro e de militares nessa tentativa de golpe. Agora, cabe aos parlamentares analisarem o relatório e decidirem sobre o indiciamento das pessoas envolvidas. O trabalho da CPMI é fundamental para garantir a responsabilização dos golpistas e a defesa da democracia.

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