Comissão da Câmara dos Deputados aprova projeto de lei que veda marco temporal para demarcação de terras indígenas

A Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que proíbe a imposição de qualquer marco temporal para demarcação de terras indígenas. O Projeto de Lei 4566/23, apresentado pela deputada Célia Xakriabá (Psol-MG), estabelece que as terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas do Brasil são aquelas necessárias para sua reprodução física e cultural, de acordo com seus usos, costumes e tradições, em virtude de seu direito originário à terra previsto na Constituição Federal de 1988.

Além disso, o projeto define o Marco Temporal do Genocídio Indígena, que começa com a invasão do Brasil em 1500. Segundo a deputada, essa proposta é uma resposta à aprovação da tese do marco temporal (PL 490/17) pelos parlamentares, que aguarda sanção do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

O marco temporal é uma tese jurídica que argumenta que os povos indígenas só têm direito às terras que ocupavam ou reivindicavam até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou essa tese inconstitucional.

O parecer do relator, deputado Chico Alencar (Psol-RJ), foi favorável à proposta, afirmando que ela está de acordo com a interpretação constitucional adotada pelo STF. Segundo Alencar, grupos políticos têm se mobilizado no Congresso para tentar “subverter o comando constitucional e revogar a decisão do STF”.

A proposta agora seguirá para análise da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, em caráter conclusivo. Isso significa que, se aprovada pela comissão, não precisará ser votada pelo Plenário da Câmara dos Deputados.

Esse projeto é mais um capítulo na longa luta pela demarcação de terras indígenas no Brasil. A questão é extremamente delicada e envolve debates acalorados sobre a preservação da cultura indígena e a proteção do meio ambiente. A decisão final sobre o assunto terá impactos significativos no futuro dos povos indígenas e no próprio país. Agora, é aguardar as próximas etapas de tramitação do projeto para saber qual será o desfecho dessa história.

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