Durante o depoimento, Bedin respondeu a algumas perguntas dos parlamentares. Ao ser questionado pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) sobre seu parentesco com pessoas envolvidas em bloqueios de rodovias após as eleições de 2022, o empresário confirmou o grau de parentesco. Ele também afirmou empregar 100 pessoas em seus negócios, ao responder ao deputado Delegado Ramagem (PL-RJ). Já em resposta à senadora Soraia Thronicke (Podemos-MS), Bedin se declarou inocente e negou estar sofrendo qualquer tipo de intimidação.
No entanto, quando a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), questionou quantos caminhões de propriedade de sua família bloquearam rodovias e participaram dos protestos em Brasília, Bedin optou por não responder. A senadora apresentou um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que indicava a participação de 272 caminhões nos bloqueios, sendo 72 de Sorriso, cidade em que Bedin reside, e 16 pertencentes a ele ou a familiares. Eliziane Gama também exibiu vídeos mostrando crianças impedidas de receber atendimento médico de emergência, devido aos bloqueios, e manifestantes armados.
O deputado Carlos Veras (PT-PE), um dos responsáveis pela convocação de Bedin, afirmou que o empresário só estava presente na reunião porque a democracia havia vencido. Veras ainda ressaltou que Bedin financiou campanhas políticas e recebeu recursos públicos para suas empresas, utilizando os lucros obtidos para financiar atentados contra a democracia.
Durante a sessão, deputados da oposição elogiaram a trajetória empresarial de Bedin. O deputado Filipe Barros (PL-PR) afirmou que ele não pode ser responsabilizado pelos atos de 8 de janeiro e ressaltou que Bedin é um empresário de sucesso e orgulho para o país.
Por 14 votos a 10, os integrantes da CPMI rejeitaram a convocação de comandantes da Força Nacional, que têm sido alvo de críticas por parte de parlamentares da oposição devido à sua atuação durante os ataques aos prédios públicos. O presidente da comissão, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), considerava importante que o comando da Força Nacional desse seu depoimento.
Além disso, Arthur Maia apresentou uma sugestão de acordo de procedimentos para a votação do relatório final da CPMI. O acordo prevê o compromisso de não haver requerimentos para o encerramento da discussão. A leitura do relatório está marcada para o dia 17, e a oposição planeja apresentar um voto em separado.
O próximo depoimento a ser realizado pela CPMI será o do subtenente Beroaldo Freitas Júnior, do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal, que atuou na contenção dos manifestantes em 8 de janeiro. Não estão previstas reuniões da comissão na semana seguinte.
Durante a reunião, deputados aliados ao governo e de oposição também comentaram a decisão do ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, que suspendeu a quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, que havia sido determinada pela CPMI.