Idec critica facilidade de acesso a contas bancárias por aplicativos de celular em relatório sobre golpes financeiros.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) divulgou nesta segunda-feira (2) um relatório preocupante sobre a facilidade com que os golpistas têm acessado contas bancárias por meio de aplicativos de celular. O documento, intitulado “Golpe do Celular Invadido”, analisa se os bancos Nubank, Bradesco, Itaú e Santander estão adotando medidas eficazes para reduzir as chances de sucesso dos golpistas ao tentar retirar dinheiro dos clientes.

No primeiro estágio da pesquisa, que durou seis meses, o Idec levantou o número de reclamações registradas pelos clientes em 2022 contra cada banco por meio do site Reclame Aqui. O Nubank se destacou com o maior número de queixas. Embora muitas delas estivessem relacionadas a celulares roubados, algumas estavam associadas ao golpe do acesso remoto, com relatos se espalhando pelas redes sociais.

O golpe ocorre quando um criminoso se passa por um atendente bancário e entra em contato com a vítima por meio de diversas formas, como Whatsapp, SMS, e-mail ou ligação telefônica. O golpista fornece dados pessoais do cliente, transmitindo confiabilidade e se fazendo passar por um verdadeiro funcionário do banco. Em seguida, solicita que a vítima baixe um aplicativo no celular, que na realidade é um programa que permite o acesso remoto controlado pelos criminosos. Com isso, eles conseguem realizar transferências de dinheiro, obtenção de empréstimos e até mesmo fazer compras usando a conta bancária da vítima.

Após questionar o Nubank sobre as reclamações, o Idec também procurou os três maiores bancos privados do país, Bradesco, Itaú e Santander, para saber se eles já tiveram clientes que caíram nesse tipo de golpe e qual foi a atitude tomada pela instituição. Apenas um dos bancos respondeu que conseguiu bloquear completamente o acesso remoto ao aplicativo. Diante disso, o Idec questionou os outros dois bancos sobre a ausência dessa ferramenta.

Um mês depois, o Idec testou o acesso remoto aos aplicativos das instituições financeiras para verificar se elas haviam avançado no desenvolvimento de mecanismos capazes de impedir o acesso indevido às contas dos clientes. Apenas um dos bancos testados foi capaz de bloquear o acesso, sendo mencionado como referência pelo Idec. Os outros dois bancos foram notificados sobre os resultados.

O nome do banco que obteve sucesso nos testes não foi divulgado pelo Idec para evitar que possíveis falhas sejam disseminadas e o acesso remoto seja utilizado como prática criminosa.

O relatório destaca o Artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor e a Súmula 479 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para lembrar que as vítimas de golpes como esse têm direitos e podem buscar reparação pelos danos causados pelos bancos. O Idec disponibilizou um modelo de petição para que os consumidores possam acionar a Justiça e buscar compensação pelos prejuízos sofridos.

A Agência Brasil entrou em contato com Nubank, Bradesco, Itaú e Santander, e apenas o último respondeu à reportagem. Em nota, o Santander afirmou ter mecanismos de proteção eficazes para garantir a segurança do aplicativo e dos clientes. A instituição ressaltou sua confiança na integridade e eficiência de seus sistemas de proteção, proporcionando segurança aos clientes.

Diante desse relatório alarmante, é fundamental que os bancos intensifiquem seus esforços na implementação de medidas de segurança mais robustas para garantir a proteção dos clientes. Os consumidores também devem ficar atentos e adotar práticas de segurança, como não fornecer informações pessoais a terceiros e verificar a autenticidade de qualquer contato recebido dos bancos. A prevenção é a melhor forma de evitar cair em golpes e ter prejuízos financeiros.

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