Segundos relatos da Polícia Militar, os agentes estavam monitorando possíveis roubos a ônibus na região da avenida San Martin quando perceberam um motorista de um carro agindo de forma suspeita. Decidiram acompanhar o veículo a uma distância segura em um carro despadronizado e solicitaram o apoio de outra equipe para abordar o veículo.
No entanto, o carro suspeito acabou colidindo com a traseira de um ônibus e os dois indivíduos se evadiram em direções diferentes. O motorista do veículo alegou trabalhar com transporte de passageiros por aplicativo e afirmou ter sido vítima de um assalto.
Os policiais militares perseguiram os dois suspeitos. Durante a perseguição, houve troca de tiros com um deles, que foi encaminhado para o Hospital Ernesto Simões, mas acabou não resistindo aos ferimentos e veio a óbito.
A guarnição da viatura recebeu informações sobre a localização do outro suspeito e um dos policiais pegou um mototáxi para chegar mais rapidamente ao local. O policial à paisana desceu em um bar na rua Astrogildo Sepúlveda, onde deu voz de prisão ao suspeito. Porém, outro policial que também estava no bar, ao confundir a abordagem com um assalto, sacou sua arma e foi iniciada uma troca de tiros.
Os dois policiais militares e o suspeito acabaram sendo atingidos pelos disparos. O militar que estava em serviço foi socorrido e encaminhado para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde passou por cirurgia, mas infelizmente não resistiu aos ferimentos e faleceu. O policial militar que estava de folga foi levado para o Hospital Ernesto Simões, mas também não resistiu aos ferimentos e veio a óbito. O suspeito, que utilizava uma tornozeleira eletrônica, morreu no local.
A Polícia Militar ressaltou que irá instaurar um inquérito para apurar as circunstâncias das mortes e lamentou o falecimento dos policiais, oferecendo apoio aos familiares. A Polícia Civil, por sua vez, está investigando o caso e já recolheu imagens de câmeras de segurança para auxiliar na apuração dos fatos.
De acordo com dados da ONG Fogo Cruzado, somente neste ano, 28 agentes de segurança foram baleados na região metropolitana de Salvador, sendo que 12 não sobreviveram aos ferimentos.
A Bahia enfrenta um grave momento de crise na segurança pública, com o recrudescimento da guerra entre facções, chacinas e aumento da letalidade policial, principalmente nas periferias das cidades, onde famílias vivenciam diariamente a perda de jovens negros e pobres.
No mês de setembro, foram registradas 54 mortes decorrentes de ações policiais na Bahia. O governador Jerônimo Rodrigues afirmou que as forças de segurança continuarão firmes no combate à violência, mas negou ter solicitado o aumento no número de corpos trazidos às autoridades.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a Bahia é o estado com o maior número absoluto de mortes violentas no Brasil desde 2019. Em 2022, houve uma redução de 5,9% no número de ocorrências, totalizando 6.659 assassinatos. Além disso, a Bahia também lidera o ranking de mortes decorrentes de intervenção policial, com 1.464 casos no ano passado. Desde 2015, o número de mortes registradas como autos de resistência quadruplicou no estado.
