Planos de saúde lideram reclamações de consumidores há nove anos, revela pesquisa do Idec. Reajustes e falta de informação são principais problemas.

Segundo um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), as operadoras de planos de saúde são líderes de reclamações nos últimos dez anos. Dentre as principais queixas dos beneficiários estão dúvidas sobre contratos, falta de informação e reajustes abusivos. Atualmente, o Brasil conta com cerca de 50 milhões de pessoas que possuem planos de assistência médica.

Uma das reclamações mais comuns é o rápido aumento dos valores das mensalidades. Muitos consumidores relatam receber dois aumentos ao mesmo tempo, seja por conta da idade ou do reajuste anual. A comerciante Evani Aparecida da Rocha reclama: “Aumenta muito rápido. De repente, dão dois aumentos ao mesmo tempo, tanto pela idade, quanto pelo aumento anual”. Já a analista de sistemas Elisabete Alexandre aponta o preço elevado como um dos principais problemas: “Mesmo se faz plano individual ou familiar, ou coletivo, o preço é bem salgado. É difícil manter”.

Apesar de serem obrigadas por lei a terem um Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) e ouvidoria, muitas operadoras não conseguem resolver as questões dos clientes de forma satisfatória. Além disso, o técnico em segurança do trabalho Mateus Duarte relata que, mesmo deixando e-mails, nunca recebe uma resposta adequada: “Você liga para o SAC, morre e ninguém sabe o que aconteceu”.

Frente a estas dificuldades, o Idec orienta os consumidores a procurarem os órgãos de defesa e, em último caso, a Justiça. Segundo a advogada do Programa de Saúde do Idec, Marina Paullelli, existem leis que regulamentam os contratos de planos de saúde e os consumidores podem reivindicar seus direitos com base nelas.

Além das reclamações dos beneficiários, os hospitais privados também têm suas queixas em relação às operadoras de planos de saúde. De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Nacional de Hospitais Privados, as operadoras devem mais de R$ 2,3 bilhões aos 48 hospitais associados. Essa dívida representa mais de 15% da receita bruta desses estabelecimentos. A associação de hospitais reclama que as operadoras têm aumentado cada vez mais os prazos para pagamento dos procedimentos.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é a responsável por regular o setor de planos de saúde, estipulando um teto para os reajustes anuais. Neste ano, o aumento máximo permitido é de 9,63%, mas vale ressaltar que esse índice é aplicado apenas para os planos individuais. Já os beneficiários de planos coletivos estão sujeitos a reajustes que podem chegar a 20% ou até mesmo 30%. Por esse motivo, é necessária uma regulação também para os planos coletivos.

A ANS informou que está estudando mudanças nas regras de reajuste de planos coletivos, mas não pretende regulamentá-los da mesma forma que os individuais. A agência também está monitorando a garantia de atendimento aos beneficiários. Já a Associação Brasileira dos Planos de Saúde afirmou que as operadoras têm realizado análises mais detalhadas dos serviços prestados devido ao alto número de fraudes, o que tem gerado prejuízo operacional superior a R$ 4 bilhões. A associação garante que todos os procedimentos realizados serão pagos.

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