A maioria dos paulistanos acredita que as medidas tomadas na cracolândia não são eficazes para a solução do problema.

A população de São Paulo está cada vez mais insatisfeita com as ações realizadas pela prefeitura e pelo governo do estado na cracolândia, bairro conhecido pelos problemas relacionados ao abuso de drogas. De acordo com uma pesquisa do Datafolha, apenas 4% dos entrevistados acreditam que essas operações trarão resultados a curto prazo.

O levantamento, realizado nos dias 29 e 30 de agosto, entrevistou 1.092 pessoas na cidade e tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos. A maioria dos paulistanos (87%) considera que as incursões policiais não são eficientes, pois os dependentes químicos apenas se deslocam para outras regiões para buscar crack.

Além disso, a pesquisa também revelou que cada vez menos pessoas acreditam que as ações na cracolândia têm o poder de convencer os usuários a buscar tratamento médico. Em 2012, 58% dos entrevistados concordavam com essa relação, mas esse número caiu para 44% neste ano.

Os grupos que mais desconfiam da eficácia das operações na cracolândia são aqueles formados por pessoas de 35 a 44 anos, com ensino superior completo, renda superior a dez salários mínimos e que moram na zona oeste e no centro da cidade.

A pesquisa do Datafolha também mostrou que o apoio das famílias é considerado mais importante do que a ajuda do governo e de organizações não governamentais para largar o vício. Além disso, a maioria dos entrevistados concordou que é necessária mais força de vontade do que tratamento médico para deixar o crack.

Outro dado interessante da pesquisa é que menos pessoas acreditam na afirmação de que “pessoas boas não se envolvem com drogas como o crack”. Essa visão caiu de 43% em 2017 para 33% neste ano.

A cracolândia, que antes era confinada a duas ruas próximas à praça Júlio Prestes, agora se espalhou por diferentes pontos do centro de São Paulo, causando impactos na rotina e no preço dos imóveis na região. Segundo o Datafolha, os principais responsáveis pela cracolândia são os traficantes e os próprios usuários, enquanto o governo estadual e a prefeitura são responsabilizados por uma parcela menor da população.

A pesquisa ainda revelou que mais da metade dos entrevistados relata a presença de cenas de uso de drogas nos bairros onde moram, especialmente na zona leste e no centro da cidade.

Diante desses resultados, fica claro que a população de São Paulo está descontente com as medidas adotadas para lidar com o problema da cracolândia. É preciso buscar soluções mais efetivas, que considerem não apenas as operações policiais, mas também o tratamento médico e o apoio familiar.

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