Em São Paulo, um sensor inovador, construído com cápsulas de café recicladas, pode detectar febre amarela com precisão.

Um dispositivo inovador desenvolvido por pesquisadores brasileiros e britânicos tem o potencial de revolucionar o diagnóstico da febre amarela. Trata-se de um biossensor eletroquímico construído a partir de cápsulas de café recicladas, fabricado em uma impressora 3D comum. Além de sua sustentabilidade, o dispositivo pode ser miniaturizado e facilmente transportado para regiões remotas onde a doença é mais comum.

A febre amarela é uma arbovirose que apresenta sintomas semelhantes a outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como dengue, zika e chikungunya. Isso dificulta seu diagnóstico e, consequentemente, retarda o início do tratamento adequado. Para solucionar esse problema, os pesquisadores desenvolveram um sensor que é capaz de detectar a infecção de forma rápida e precisa.

O funcionamento do dispositivo é simples e eficiente. Sua superfície é revestida com eletrodos impressos em um polímero biodegradável chamado ácido polilático (PLA), proveniente das cápsulas de café recicladas. Filamentos com nanotubos de carbono e negro de fumo garantem a condutividade do sensor e geram a reação eletroquímica. Através dessa reação, fragmentos do DNA da febre amarela se ligam à sequência genética da amostra de soro sanguíneo dos pacientes, permitindo o diagnóstico da doença. Apenas uma pequena quantidade de amostra sanguínea (cerca de 200 microlitros) é necessária para a análise.

Além de sua eficácia no diagnóstico da febre amarela, o biossensor também foi capaz de diferenciar amostras que continham o vírus da dengue, o que possibilitaria o diagnóstico preciso da doença. Essa capacidade de diferenciação é extremamente importante, pois as duas doenças apresentam sintomas semelhantes, mas exigem tratamentos distintos.

No futuro, os pesquisadores pretendem aperfeiçoar o sensor para que ele seja capaz de funcionar com amostras integrais de sangue ou até mesmo de saliva, eliminando a necessidade de processamento para separação do soro. Isso tornaria o teste ainda mais rápido e prático.

O professor Juliano Alves Bonacin, supervisor do estudo, acredita que o uso da eletroquímica na área da saúde pode ser ampliado. Ele planeja replicar o modelo do biossensor usando outros materiais avançados modificados, permitindo a identificação de outras doenças.

Com essa nova tecnologia, o diagnóstico da febre amarela poderá ser realizado com maior eficiência e agilidade, possibilitando um tratamento mais rápido e preciso. Além disso, a sustentabilidade do dispositivo, fabricado a partir de cápsulas de café recicladas, contribui para a redução de custos e impactos ambientais. Com sua miniaturização e facilidade de transporte, o sensor poderá ser levado para regiões remotas onde a doença é mais comum, facilitando o acesso ao diagnóstico e tratamento adequados.

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