O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), anunciou que reconvocará o ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho. Além dele, também serão reconvocados o irmão do jogador, Roberto Moreira, e Marcelo Lara, co-fundador da empresa 18K Ronaldinho. Na terça-feira (22), o trio deixou de comparecer à comissão para prestar depoimento.
Os três apresentaram ao colegiado um habeas corpus, assinado pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). O documento assegurava a eles o direito de permanecerem em silêncio para não produzirem provas contra si próprios, mas não os desobrigava do depoimento.
O presidente da CPI determinou que os três sejam reconvocados para quinta-feira, dia 24 de agosto, às 10 horas. Caso não compareçam novamente, Ribeiro afirmou que a CPI usará seu poder para realizar a condução coercitiva dos depoentes.
O relator da CPI, deputado Ricardo Silva (PSD-SP), criticou a ausência dos depoentes, considerando-a irregular. Ele destacou que a comissão já ouviu depoimentos até mesmo de presos em penitenciárias e que o tratamento deve ser isonômico para todos. Silva afirmou que Ronaldinho e seus sócios têm muito a falar à CPI e espera que eles compareçam na próxima reunião para responder às perguntas registradas.
A empresa 18K Ronaldinho é acusada de trabalhar com trading e arbitragem de criptomoedas, prometendo aos clientes rendimentos de até 2% ao dia. No entanto, a imprensa relatou que a empresa não repassa aos clientes a custódia das moedas virtuais. O ex-jogador alega que sua imagem foi usada indevidamente e que também teria sido lesado. No entanto, o relator da CPI destacou que Ronaldinho se tornou réu em uma ação de 2020 que pede R$ 300 milhões por prejuízos a investidores.
Além disso, a CPI também ouviu o depoimento do presidente do Santos Futebol Clube, Andrés Rueda, sobre o contrato do clube com a empresa Blaze, patrocinadora do time. A Blaze é uma empresa de cassino e apostas esportivas online sediada em Curaçao, no Caribe. A CPI investiga denúncias de que a Blaze teria deixado de pagar prêmios a clientes brasileiros.
Rueda informou que a Blaze foi indicada pelo pai do jogador Neymar Jr., por meio da empresa MM Consultoria, que teria ficado com uma comissão de 10% no negócio. O contrato entre o Santos e a Blaze é de dois anos, com valor total de R$ 45 milhões, sendo R$ 25 milhões pagos à vista e parcelas mensais de R$ 869 mil.
No entanto, Rueda chamou a atenção dos deputados ao afirmar que desconhece os donos da Blaze. Ele declarou não poder garantir quem são os donos e que no contrato, a empresa é representada por Cindy e Lily, que assinam como patrocinadores. Diante da informação de que a Blaze acumula processos judiciais e que seu proprietário não pôde ser encontrado, Rueda afirmou que pedirá explicações à empresa e se comprometeu a enviar o contrato de patrocínio à CPI.
