Possível Troca no Comando da Petrobras: Investidores Temem Ascensão de Aloizio Mercadante e Impactos na Gestão da Estatal

Mercadante provoca temor entre investidores ao ser cotado para assumir a Petrobras

O atual presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, está sendo cogitado para assumir o comando da Petrobras ou a presidência do conselho de administração da estatal. No entanto, sua possível indicação tem gerado temor entre investidores, que o veem como uma figura essencialmente política e de inclinação intervencionista, características que não seriam as ideais para uma empresa do porte e da importância da Petrobras.

Analistas e agentes de mercado receiam que Mercadante possa instrumentalizar a Petrobras com o intuito de tentar estimular a economia, por exemplo, por meio da ampliação massiva de investimentos em embarcações construídas no Brasil e refinarias sem retorno adequado para a companhia. Enquanto no BNDES, sua gestão tem sido considerada “sóbria” e respaldada pelo corpo de funcionários de carreira.

O analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, ressalta que o atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, está conduzindo uma gestão reconhecida como “satisfatória” pelo mercado. A eventual substituição por Aloizio Mercadante é vista como um sinal ruim ao investidor, independentemente do trabalho realizado recentemente no BNDES. Arbetman destaca que Prates tem conseguido conciliar os interesses da empresa com os do governo, como evidenciado na nova política de preços, na política de dividendos mais fraca e no plano estratégico maior, que foram bem aceitos pelos investidores.

A visão de Mercadante sobre a Petrobras, expressa em um seminário sobre transição energética, é de que a empresa poderia ser mais utilizada para estimular a economia e gerar empregos. No entanto, analistas lembram que essa abordagem já foi adotada nas primeiras gestões petistas e quase levou a empresa à falência, em meio a um grande escândalo de corrupção.

A possibilidade de Mercadante assumir a liderança da Petrobras causou uma montanha-russa nas ações da empresa, com oscilações relacionadas à crise no comando e possíveis desdobramentos, como a liberação de dividendos extraordinários e a alta da cotação internacional do petróleo. No entanto, o desfecho dessa situação deve ser definido nos próximos dias, com a interferência do presidente Lula, que está em Brasília após uma série de viagens pelo Rio de Janeiro e estados do Nordeste.

No primeiro ano de gestão no BNDES, Mercadante enfrentou o ceticismo do mercado financeiro e conseguiu aumentar o volume de crédito oferecido pelo banco, que havia diminuído durante o governo de Jair Bolsonaro. O BNDES teve papel relevante ao atuar em meio à retração do mercado de crédito e sua administração é vista de forma positiva internamente. O ex-presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, destaca o bom trabalho de Mercadante no banco, mas alerta que assumir a Petrobras seria entrar em uma situação bastante diferente, com desafios maiores e menor margem para intervenções políticas.

Os números do BNDES indicam que as aprovações de operações de crédito foram as maiores desde 2015, enquanto os desembolsos aumentaram em relação ao ano anterior. O banco voltou a financiar setores estratégicos, como a indústria e a inovação, além de retomar operações com Estados e municípios e reforçar fundos ambientais. A expectativa é de aumentar gradativamente a participação do banco no mercado de crédito, sem comprometer a credibilidade da gestão.

Apesar de questionamentos sobre operações subsidiadas, o BNDES tem buscado manter um equilíbrio entre financiamentos a taxas de mercado e a taxas direcionadas. No entanto, anúncios recentes de programas de financiamento para a indústria causaram preocupação no mercado, sendo interpretados como um risco de retorno a subsídios excessivos. Nelson Barbosa, diretor do banco, ressalta que a maior parte dos recursos será aplicada a taxas de mercado e que apenas uma parcela será direcionada a áreas específicas, como o Fundo Clima e a inovação.

A possível mudança no comando da Petrobras e a gestão de Mercadante no BNDES têm gerado incertezas nos mercados e entre os investidores. A decisão sobre o futuro da Petrobras e o desdobramento dessa situação são aguardados com expectativa, enquanto se discute o impacto que uma eventual troca de liderança poderia ter sobre a estatal e o mercado financeiro.

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