Um dos alvos das apurações é Giancarlo Gomes Rodrigues, ex-assessor da Abin. A PF investiga se aliados de Bolsonaro na Abin utilizaram, de forma indevida, um software chamado First Mile, que permite o monitoramento de geolocalização de celulares em tempo real. Além disso, suspeita-se que o então diretor da agência, Alexandre Ramagem, tenha utilizado sua posição para “incentivar e encobrir” o uso de um programa espião.
As suspeitas também recaem sobre o uso da estrutura da Abin para tentar fazer provas em defesa de Flávio e Jair Renan Bolsonaro, filhos do ex-presidente, e espionar adversários políticos do ex-mandatário, como Joice Hasselmann e Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara. A família Bolsonaro negou qualquer envolvimento com atos de espionagem e o ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a afirmar que a Abin paralela “jamais existiu” e elogiou Alexandre Ramagem durante uma live feita com seus filhos.
Em uma decisão que autorizou buscas contra Ramagem, o ministro Alexandre de Moraes classificou a postura do ex-diretor da Abin como de “natureza gravíssima” e destacou que a agência teria sido instrumentalizada para monitorar a promotora de Justiça responsável pelo caso da vereadora Marielle Franco.
O First Mile é um programa adquirido pela Abin que permite ao usuário rastrear dados de geolocalização de qualquer pessoa e tem a capacidade de rastrear até 10 mil pessoas por ano. Todas essas informações levantam questionamentos sobre o possível uso indevido de ferramentas de espionagem por parte de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro e o papel de Alexandre Ramagem no suposto esquema. As investigações continuam e mais desdobramentos são aguardados nos próximos dias.