O Legado Intelectual de Edward Said: Reflexões sobre a Desumanização e a Violência em Israel e Gaza

Recentemente, o conflito entre Israel e a Faixa de Gaza tem sido palco de violência e ataques por parte do Hamas. Nesse contexto, sentimos a ausência da voz do intelectual palestino Edward Said (1935-2003), cuja obra descreve a relação entre desumanização e violência. Sua esposa, Mariam Said, está em São Paulo para discutir o legado de seu marido no seminário “O Legado Intelectual de Edward Said”, organizado pelo Sesc em parceria com a Unifesp.

Segundo Mariam, Edward Said era um humanista e acreditava na solução pacífica do conflito, defendendo que todas as partes sentassem para negociar em igualdade. Ela condenou a violência do Hamas, argumentando que essa tática nunca funcionou para os palestinos, referindo-se aos sequestros de aviões na década de 1960. Além disso, criticou a resposta israelense, afirmando que o fechamento do cerco contra Gaza e os bombardeios são horríveis, desumanos e inaceitáveis. Para Mariam, o mundo só aceita essa situação porque não enxerga os palestinos como humanos.

Edward Said é uma das principais referências no estudo do Oriente Médio, especialmente por seu livro “Orientalismo”, de 1978, que critica o uso de estereótipos em relação aos árabes e muçulmanos. Além de Mariam, renomados intelectuais participam do seminário, como o professor brasileiro Michel Sleiman e o historiador libanês Fawwaz Traboulsi.

Questionada sobre os recentes ataques do Hamas, Mariam afirmou que são inacreditáveis, mas compreensíveis quando se considera a situação de Gaza, que é constantemente bombardeada. Ela condenou a violência e ressaltou que, na maioria dos casos, não é eficaz, relembrando os sequestros de aviões na década de 1960, que não alcançaram resultados significativos.

Em relação à resposta de Israel, Mariam considerou-a horrível, desumana e inaceitável. Ela defendeu que os palestinos são humanos e devem ser tratados como tal, independentemente da razão. Ela destacou o discurso desumanizante da mídia, que rotula os palestinos como “terroristas” antes mesmo de qualquer informação ser transmitida. Segundo Mariam, os moradores de Gaza estão pagando o preço por esse conflito.

Ao ser questionada sobre o futuro da região, Mariam expressou sua preocupação com o sofrimento das crianças de Gaza e revelou que a situação se torna perigosa, pois não se sabe como os atores regionais agirão. Ela reconheceu o direito de Israel de se defender, mas ressaltou que os palestinos são vítimas de vítimas e que isso precisa ser reconhecido.

Em conclusão, o seminário que discute o legado de Edward Said traz à tona o debate sobre a desumanização, a violência e a busca por uma solução pacífica para o conflito entre Israel e a Faixa de Gaza. A perspectiva de paz parece distante, mas é importante que vozes como a de Mariam Said continuem trazendo luz e reflexão sobre a situação na região.

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