Estudo da UFG constata ovos infectados do Aedes aegypti com vírus da zika e chikungunya, confirmando transmissão vertical.

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, revelou a presença dos vírus da zika e chikungunya em ovos do mosquito Aedes aegypti. Os mosquitos resultantes da eclosão dos ovos também estavam infectados, confirmando a chamada transmissão vertical no animal.

A transmissão vertical ocorre quando os vírus passam dos adultos para as larvas sem a necessidade de um hospedeiro intermediário, que no caso dos mosquitos do gênero Aedes, são os seres humanos.

O artigo que descreve o achado foi publicado na revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Participam da pesquisa especialistas do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Agentes (Re)emergentes e do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, ambos da UFG, e da Unidade Sentinela e Centro de Referência em Medicina Internacional e de Viagens do município de Goiânia.

Para testar a transmissão vertical, os cientistas coletaram ovos de Aedes aegypti em sete regiões de Goiânia e os cultivaram no laboratório até a eclosão das larvas. Um total de 1.570 ovos foi coletado, posteriormente separados em 157 reservatórios com dez indivíduos cada. Eles também separaram por sexo, uma vez que a transmissão dos vírus para os seres humanos ocorre pela picada das fêmeas durante o período reprodutivo.

Após a eclosão, foram realizados testes para identificar a presença dos vírus da dengue, zika e chikungunya nas larvas. Dois reservatórios testaram positivo para chikungunya e um para zika.

Para Diego Michel, biólogo e pesquisador responsável pelo estudo, o achado é importante por revelar um mecanismo de transmissão das arboviroses. Embora já fossem conhecidos mecanismos de transmissão similares, pouco se conhecia sobre sua existência em áreas urbanas.

Ele explicou que ovos infectados podem resistir a ciclos naturais, como períodos de seca, e eclodir quando vem o período chuvoso, representando um alerta para a vigilância epidemiológica.

A transmissão vertical pode ser um problema de saúde pública por facilitar a transmissão da doença para humanos. Não há, porém, registro de quanto tempo os vírus permanecem no organismo dos insetos, afirmou Michel.

A pesquisa recebeu o apoio da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e contou com a colaboração da Secretaria de Vigilância Sanitária de Goiânia.

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