Datafolha indica desconfiança da população: Forças Armadas enfrentam desafio de reconquistar credibilidade após envolvimento em irregularidades durante governo Bolsonaro

A presença de militares no governo Bolsonaro é evidente e alarmante. Desde o início de seu mandato, o presidente trouxe consigo uma série de indivíduos oriundos das Forças Armadas para ocuparem cargos chaves na administração pública. A estratégia de militarizar a política foi uma das marcas do governo bolsonarista, que buscava aproximar-se do seu eleitorado cativo, composto em grande parte por militares e simpatizantes desse grupo.

No entanto, essa militarização trouxe consigo diversas consequências negativas e questionáveis. Segundo dados do Instituto Datafolha, a população brasileira está descontente com o envolvimento das Forças Armadas em irregularidades durante o governo Bolsonaro. Para 61% dos entrevistados, os militares se meteram em situações ilegais e antiéticas ao longo dos quatro anos de mandato.

Essa percepção negativa não é à toa. Desde o início do governo, vimos uma série de escândalos envolvendo militares em cargos administrativos. Alguns ocuparam posições estratégicas em ministérios e autarquias, onde tinham poder de decisão e influência direta sobre políticas públicas. E muitos desses militares mostraram-se inaptos e desqualificados para exercerem tais funções, o que gerou problemas e consequências danosas para a população.

Além disso, a presença maciça de militares no governo também gerou uma espécie de proteção mútua entre eles. Ao ocuparem postos chaves, militares puderam blindar-se de investigações e punições, caso se envolvessem em atos ilícitos. A sensação de impunidade deixou a sociedade perplexa e indignada, alimentando ainda mais o descontentamento popular.

A reversão desse cenário não será tarefa fácil. Desbolsonarizar os militares exige muito mais do que um discurso vazio e superficial de “separar o joio do trigo”. É necessário implementar mudanças reais e efetivas na forma como as Forças Armadas são inseridas na administração pública. É preciso garantir que os cargos sejam ocupados por pessoas competentes e éticas, independente de sua formação militar.

Além disso, é fundamental fortalecer os órgãos de controle e fiscalização, de forma a garantir que eventuais irregularidades sejam investigadas e punidas, independentemente do envolvimento de militares. A impunidade não pode prevalecer em um Estado democrático de direito.

A desbolsonarização dos militares também requer uma mudança de mentalidade dentro das próprias Forças Armadas. É necessário repensar o papel dos militares na sociedade, garantindo que eles estejam a serviço do país e da população, e não de interesses particulares ou ideológicos.

Enfrentar os desdobramentos desse processo de militarização não será uma tarefa fácil, mas é essencial para o fortalecimento da democracia e a restauração da confiança da população nos seus governantes. A sociedade brasileira espera que medidas concretas sejam tomadas para desbolsonarizar os militares e garantir uma administração pública ética, transparente e comprometida com o bem comum. A reversão dessa urucubaca não será fácil, mas é imprescindível para o futuro do país.

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