Ausência de rivais e aliados marca Assembleia-Geral da ONU e evidencia fragmentação do mundo

A ausência de importantes líderes mundiais na Assembleia Geral da ONU tem gerado discussões e levantado questionamentos sobre o estado atual da ordem mundial e o papel da Organização das Nações Unidas.

Desde o ano passado, com o início da pandemia, tem sido comum a realização de eventos internacionais de forma virtual, devido às restrições de viagens e aos riscos de contágio. No entanto, a ausência de líderes como Joe Biden, Boris Johnson e Emmanuel Macron na reunião presencial deste ano chamou a atenção.

Tanto o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, quanto o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, justificaram suas ausências em função de questões domésticas. Biden alegou a necessidade de focar em assuntos internos, como a crise migratória na fronteira com o México, além de preparar seu discurso na Assembleia Geral. Já Johnson afirmou estar se dedicando à conferência anual do Partido Conservador, que enfrenta dificuldades devido à crise do custo de vida no país.

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas Greenfield, foi questionada sobre a ausência dos principais rivais e aliados dos EUA e respondeu de forma discreta, ressaltando a importância da participação dos países no evento e mencionando que Biden anunciaria o retorno do multilateralismo.

As ausências dos líderes de grandes potências mundiais, como França, Reino Unido e Estados Unidos, são interpretadas por alguns analistas como um sinal de um mundo em processo de fragmentação e fratura. O jornal francês Les Echos destaca que problemas recorrentes, como a guerra na Ucrânia, a crise diplomática entre EUA e China, a urgência climática e os golpes de Estado na África, continuam sem solução.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em um discurso recente, resumiu a situação atual como o fim da ordem mundial pós-Guerra Fria. Segundo ele, a cooperação internacional está mais complexa devido às tensões geopolíticas e aos desafios globais cada vez maiores.

Diante desse cenário, há quem aponte o fracasso da ONU como um instrumento efetivo de solução dos problemas mundiais. A Fundação Carnegie Para a Paz Internacional divulgou uma nota questionando a relevância da organização em um mundo dividido, destacando a falta de confiança entre os Estados-membros e a testando a legitimidade e a credibilidade do organismo.

Em resumo, a ausência de líderes importantes na Assembleia Geral da ONU revela os desafios e as divisões existentes no atual contexto geopolítico. Essa falta de participação dos principais atores internacionais levanta questionamentos sobre a efetividade da ONU e a capacidade de cooperação internacional frente aos problemas globais.

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