Até o momento, quatro alvos já foram presos. Marcelo Araújo Bormevet, agente da Polícia Federal desde 2005, está suspenso desde janeiro por ordem do ministro Alexandre de Moraes na Operação Vigilância Aproximada, etapa anterior da Operação Última Milha. Outro alvo é Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército integrante do Centro de Inteligência Nacional da Abin, que teria participado do monitoramento ilegal do advogado Roberto Bertholdo, próximo dos ex-deputados federais Rodrigo Maia e Joice Hasselmann. Além deles, Richards Pozzer, artista gráfico indiciado na CPI da Covid, e Mateus de Carvalho Spósito, ex-assessor da Secretaria de Comunicação Institucional, também foram presos.
A Polícia Federal ainda realiza buscas em sete endereços localizados em Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo. As ordens foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Esta operação é a quarta fase da Última Milha e investiga ações do grupo contra membros dos três Poderes e jornalistas, com a criação de perfis falsos e divulgação de informações falsas. A Polícia Federal afirma que a organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.
As investigações apuram supostos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio. A Operação Última Milha teve início em 2023, quando a PF prendeu dois servidores da Abin que usaram de forma indevida o sistema de geolocalização de celulares do órgão para coerção.
A Polícia Federal acredita que a estrutura da Abin foi utilizada para produzir informações que favoreceram os filhos do presidente Bolsonaro em investigações criminais. Relatórios da agência teriam sido compartilhados para ajudar na defesa de Flávio Bolsonaro, na investigação das “rachadinhas” e de Jair Renan em inquéritos sobre tráfico de influência, estelionato e lavagem de dinheiro.
O deputado Alexandre Ramagem não é alvo da operação, mas foi alvo do inquérito da Operação Última Milha por ter autorizado investigações paralelas sem autorização judicial. A Polícia Federal descobriu que a Abin paralela tentou produzir provas que envolvessem ministros do STF e deputados de oposição a Bolsonaro em práticas criminosas. A estrutura paralela da Abin teria sido utilizada de forma política e realizou ações para atacar as urnas eletrônicas.
Portanto, esta operação representa mais um passo na investigação sobre o monitoramento ilegal e a produção de notícias falsas por parte da Abin durante o governo Bolsonaro. A Polícia Federal continua trabalhando para esclarecer os crimes cometidos e responsabilizar os envolvidos.