A união das agremiações de esquerda foi impressionante e inédita, ocorrendo em tempo recorde para formar uma coalizão estratégica após o anúncio surpresa de uma nova eleição por parte de Macron. A rápida articulação das esquerdas para planejar taticamente as desistências entre o primeiro e o segundo turno, junto com a direita democrática, mostrou a força e a determinação desse campo ideológico.
Assim como o ocorrido em Portugal, onde a união das esquerdas resultou em um governo estável por um período determinado, espera-se que a Nova Frente Popular na França consiga apontar um primeiro-ministro e manter uma coabitação com o Palácio do Eliseu. No entanto, vale ressaltar que, apesar de terem conquistado a frente, as esquerdas não obtiveram maioria absoluta, o que abre margem para negociações e diálogos sobre a composição do governo na Assembleia.
O descontentamento com as políticas da direita liberal de Macron também ficou evidente nas urnas, em um país que tradicionalmente valoriza o Estado de bem-estar social. O presidente francês está tentando dividir o grupo de esquerda ao insinuar a possibilidade de formar um governo de coalizão, desde que esta separe-se de Jean-Luc Mélenchon, líder do França Insubmissa.
Nesse contexto de incertezas e desafios, a política francesa promete continuar sendo palco de intensas negociações e movimentações estratégicas. Resta agora aguardar para ver como a Nova Frente Popular irá se estabelecer e governar em um país marcado por profundas divisões ideológicas.