Para o coordenador do Idafro, essa realidade demonstra a derrota ideológica da falácia de que a macumba seria uma religião exclusiva de negros, analfabetos e desocupados. Segundo ele, a presença de brancos nessas práticas religiosas desafia a intolerância e o preconceito, pois eles assumem publicamente sua pertença e enfrentam os desafios de serem vistos e aceitos em uma sociedade ainda marcada pelo racismo.
O professor de antropologia Emerson Giumbelli destaca a importância da umbanda e do batuque, outra crença de matriz africana presente no estado. Ele ressalta que a umbanda tem raízes históricas profundas, datando desde a década de 1930, enquanto o batuque luta contra adversidades desde o século 19 e se afirma abertamente no início do século 20.
Para o advogado Hédio Silva Jr., o Rio Grande do Sul é o “Vaticano da Macumba”, sendo um local historicamente reconhecido pela presença e influência das religiões de matriz africana. Ainda segundo ele, a região é um “refúgio dos negros”, onde essas práticas religiosas encontram espaço e resistem aos discursos racistas.
O produtor cultural Luiz Augusto Lacerda, que atua na Sociedade Beneficente e Cultural Floresta Aurora, destaca os impactos do discurso racista nessas religiões, e ressalta a importância de espaços como clubes para pessoas negras, que surgiram ainda na época da escravidão e resistem até os dias atuais.
Diante desse cenário, o Rio Grande do Sul se destaca como um estado marcado pela diversidade religiosa e pela resistência às formas de discriminação, promovendo a valorização e o respeito às diferentes manifestações de fé presentes em sua sociedade.