No panorama ocidental, a abordagem em relação à moralidade é bem diferente. A tendência é permitir que cada indivíduo estabeleça seus próprios limites, desde que não represente um perigo iminente para terceiros. Regulações e incentivos fiscais são utilizados para moderar eventuais prejuízos sociais que certas práticas possam trazer. Por exemplo, em países desenvolvidos, existem restrições à venda de álcool para menores e impostos elevados sobre produtos com impactos negativos.
No entanto, no Brasil, o liberalismo ocidental ainda não foi totalmente abraçado. O moralismo continua influenciando decisões importantes, o que contribui para o atraso em reconhecer direitos fundamentais já consolidados em outros países. Questões como o direito ao aborto e a descriminalização do consumo de drogas ainda geram debates acalorados no país. Enquanto na Europa a eutanásia está sendo legalizada, no Brasil ainda é difícil garantir a autonomia do paciente em situações que envolvam decisões sobre a própria morte.
Diante disso, a retomada do poder pelo Taleban no Afeganistão e a recriação do Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício levantam questionamentos sobre a imposição de moralidade pelos governantes e destacam as diferenças de abordagem em relação à moralidade entre o mundo ocidental e países como o Brasil. A discussão sobre o equilíbrio entre a regulação estatal e a autonomia individual continua sendo relevante e atual em ambas as realidades.