A promotora Luciana Bergamo, responsável pelo caso, afirmou que a abertura da investigação considera as possíveis consequências para a saúde de crianças e adolescentes diante da propagação de notícias falsas sobre vacinação. Segundo o inquérito, não há dados que comprovem as informações divulgadas pela médica.
O Ministério Público pede que Serra faça uma retratação em suas redes sociais e forneça esclarecimentos aos seus seguidores e à sociedade, a fim de reduzir a propagação de fake news. No entanto, a médica alega ser vítima de perseguição, acusando a promotora de ativismo devido ao seu envolvimento com a Sociedade Paulista de Pediatria.
A SBP se pronunciou afirmando que as informações falsas disseminadas pela médica causam medo nos pais, familiares e na população em geral. Segundo a entidade, as reações graves mencionadas por Serra são causadas pela doença em si e não pela vacinação, uma vez que as vacinas contra o HPV já existem há mais de cem anos e seus efeitos colaterais, quando ocorrem, geralmente são leves.
O HPV é o vírus sexualmente transmissível mais comum na população e pode causar verrugas genitais e anais, além de estar relacionado ao desenvolvimento de cânceres como o de colo de útero. A vacina contra o HPV é oferecida pelo Ministério da Saúde para todas as meninas e meninos de 9 a 14 anos, além de pessoas vivendo com HIV/Aids, transplantados e pacientes oncológicos.
Serra afirma ter mais de 35 anos de experiência e especialização em medicina pericial. Ela menciona um trabalho sobre a toxicidade da vacina do HPV com base na revisão da literatura médica e afirma que irá consultar informações sobre os efeitos adversos do imunizante junto a órgãos como Anvisa, Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde de São Paulo.
A Anvisa reforça que as vacinas contra o HPV são seguras e eficazes dentro das indicações aprovadas. Serra cita estudos japoneses para sustentar suas alegações, mas não apresenta publicações científicas que comprovem suas afirmações.
Em contrapartida, a revista científica The New England Journal of Medicine publicou um artigo comprovando a eficácia da vacina quadrivalente do HPV na prevenção da infecção e doença causada pelo vírus, inclusive na redução de lesões genitais que podem levar ao câncer.
No entanto, o desdobramento desse caso ainda é incerto. O inquérito está em curso e as investigações irão determinar se há fundamentos para responsabilizar a médica por disseminar informações falsas sobre a vacina contra o HPV.