Essa prática tem preocupado especialistas e membros da Abep, como o renomado cientista político João Francisco Meira, sócio-diretor do instituto Vox Populi. Meira destacou que, apesar de não ser ilegal, a realização de pesquisas autofinanciadas levanta suspeitas e pode configurar um verdadeiro escândalo nacional. Segundo ele, as empresas de pesquisa normalmente vendem seus serviços e cobram por eles, tornando questionável a motivação por trás das pesquisas autofinanciadas.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) também está atento a essa questão, monitorando potenciais irregularidades nas pesquisas pagas com recursos próprios. Em 2020, após as eleições municipais, o MPE solicitou às procuradorias regionais eleitorais que investigassem as denúncias de possíveis fraudes nessas pesquisas, como apontado pela própria Abep.
Outro aspecto preocupante identificado pela Abep é a utilização dessas pesquisas autofinanciadas como peças de publicidade política para promover pré-candidatos ou prejudicar concorrentes. Empresas filiadas à Abep expressaram desconfiança em relação aos resultados dessas pesquisas e alertaram para a possibilidade de manipulação de dados para favorecer determinados candidatos.
Diante desse cenário, a Abep está preparando uma nova planilha para analisar os dados das pesquisas eleitorais registradas na Justiça Eleitoral até o final de maio. A expectativa é que novas informações possam esclarecer ainda mais a questão das pesquisas autofinanciadas e garantir a transparência e a lisura no processo eleitoral.