Durante uma entrevista coletiva, Kicillof acusou o presidente de extorsão e de ameaçar as províncias argentinas, alegando que o ajuste prejudicará diversas despesas, incluindo os salários dos professores e o financiamento da alimentação dos alunos. Vale ressaltar que essa não é a primeira vez que Milei toma medidas desse tipo, tendo suspensos os recursos da província de Chubut na semana anterior.
A oposição dos governadores afetados tem sido intensa, com Ignacio Torres, governador de Chubut, prometendo medidas de represália, como a suspensão do fornecimento de petróleo e gás para o restante do país. Além disso, outros quatro governadores da região patagônica se solidarizaram com Chubut, sendo esse um sinal de união entre as províncias afetadas.
A resolução judicial que determinou o retorno dos recursos para Chubut gerou uma nova polêmica, com o governo de Milei prometendo recorrer da decisão. Em uma entrevista, o governador Torres afirmou que o objetivo do governo nacional é “matar uma província para exemplificar e disciplinar o resto”, destacando a falta de diálogo por parte do presidente.
Diante desse cenário de crise política e confronto entre o governo central e as províncias, o cientista político Leandro Gabiati avaliou que as decisões de Milei refletem uma postura de confronto, especialmente após a derrota de seu projeto de ajuste fiscal no Congresso Nacional. Segundo ele, essa estratégia de confronto pode gerar impasses e até mesmo crises políticas e sociais.
É importante observar que as províncias argentinas possuem uma maior dependência financeira em relação ao governo central, o que intensifica os conflitos em torno da distribuição de recursos. Comparado ao Brasil, onde estados possuem maior autonomia econômica, a Argentina enfrenta um desafio histórico no que diz respeito aos repasses de recursos e a divisão de verbas entre as diferentes regiões do país.