Especialistas consultados apontam que a evolução dos grupos criminosos, que agora estão mais descentralizados e menos dependentes de uma liderança, pode explicar as limitações do sistema penitenciário federal. Além disso, a vigilância extrema pode gerar mercados ilegais lucrativos para benefícios e corrupção de servidores.
Os agentes que trabalham nas unidades federais afirmam que o apoio da rede federal é fundamental para o combate ao crime, mas pedem mais recursos humanos e tecnológicos para aprimorar o monitoramento e evitar falhas.
As penitenciárias federais adotam um modelo inspirado no sistema americano chamado de supermax, que visa controlar minuciosamente a rotina dos internos, limitar as visitas e mantê-los isolados em celas individuais. No entanto, mesmo com essas restrições, a fuga dos detentos em Mossoró demonstra que há brechas no sistema.
Segundo Roberto Moura, do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, o sistema penitenciário federal reflete um embate entre a proposta de integração social e o controle do preso, com a tendência de vitória do segundo princípio. Ele também ressalta que a captura e custódia de lideranças do crime em presídios federais não tem representado uma limitação substancial das facções, que agora estão mais organizadas em redes descentralizadas.
Para ajudar a combater essas falhas, os agentes pedem um maior investimento federal tanto em recursos humanos quanto em tecnologia. A produção de informações de inteligência é apontada como uma ferramenta crucial para desarticular planos de ataques e desmantelar as organizações criminosas.
Após a fuga em Mossoró, o Ministério da Justiça e Segurança Pública anunciou reforços na segurança das penitenciárias federais, com a construção de muralhas e a nomeação de mais policiais penais federais. No entanto, mesmo com esses esforços, é evidente que a luta para controlar o crime organizado nos presídios federais é um desafio constante.