Desde novembro, os houthis vêm atacando navios que passam pelo estreito de Bab el-Mandeb, um canal com 32 km de largura que separa o nordeste da África do Iêmen, na Península Arábica. Embora declarem que seus alvos são navios ligados a Israel, os ataques atingem também muitas embarcações sem qualquer ligação com o país.
O cenário preocupa governos e o setor de comércio naval. Afinal, no Mar Vermelho, local por onde passa 12% do comércio global todos os anos, os ataques dos houthis têm causado prejuízos econômicos e impactado as cadeias de fornecimento globais. Michelle Wiese Bockmann, analista da Lloyd’s List Intelligence, ressalta que a situação é preocupante, pois cerca de 300 navios trafegam diariamente pelo estreito, transportando pessoas que não têm voz para decisões em meio a uma zona de guerra.
Diante do aumento da insegurança, muitas empresas de navegação já evitam a região, optando, na maioria das vezes, por um desvio mais longo, contornando o continente africano em vez de se dirigirem ao Mar Vermelho e dali para o Canal de Suez, em suas viagens da Ásia para a Europa.
Contudo, redirecionar os grandes navios não é tarefa fácil, envolvendo logística complexa e demorada. Além disso, a forte seca que atinge o Canal do Panamá e a guerra na Ucrânia também estão estrangulando as cadeias de fornecimento globais, tornando urgente a necessidade de adaptação e redirecionamento, mesmo com as sérias consequências financeiras e ambientais envolvidas.
Os impactos dos ataques dos houthis vão além do setor naval, afetando também os custos de transporte, emissões de carbono e até mesmo a biodiversidade marinha. A crise no Mar Vermelho obriga as empresas a repensarem suas estratégias de transporte e logística, buscando alternativas para manter a integridade das cadeias de fornecimento globais em um cenário cada vez mais complexo e desafiador.