O local da descoberta é o Sítio Arqueológico Chácara Rosane, situado no bairro Vicente Fialho, e já era estudado desde a década de 1980, quando foram encontrados os primeiros vestígios humanos na região. Com a descoberta, a análise para saber a idade dos materiais encontrados ainda está em curso, mas a quantidade de peças indica que este pode ser um achado importante.
O arqueólogo Welington Lage, coordenador-geral dos trabalhos de escavação, contratado pela construtora para fazer os estudos no local, explica que os primeiros vestígios em cerâmica foram encontrados em 2019, durante o processo de licenciamento ambiental, e desde então as ações de salvamento e monitoramento arqueológico tiveram início. Durante o processo surgiram também esqueletos humanos em diferentes níveis do sambaqui, o que demonstra diferentes épocas de ocupação humana do sítio.
As peças encontradas indicam que a área foi ocupada por grupos humanos há pelo menos 7.000 anos, com finalidades diversas como formação de aldeia, espaço de habitação e cemitério. A diversidade temporal e cultural também é evidente nas datações preliminares, que indicam uma faixa de tempo ampla entre 9.000 e 1.000 anos atrás.
Os vestígios encontrados fornecem informações sobre a idade de falecimento, o gênero e até algumas práticas funerárias, e sugerem a existência de uma hierarquia social e ritos funerários ancestrais entre os sepultamentos encontrados.
Apesar da existência conhecida do sítio arqueológico, a construção do condomínio do Minha Casa Minha Vida não foi paralisada e as escavações foram feitas em paralelo. A empresa MRV, em parceria com o Iphan, planeja construir um centro de curadoria na UFMA (Universidade Federal do Maranhão) para abrigar os materiais encontrados, e estima investir em torno de R$ 1 milhão na preservação dos achados.
A descoberta arqueológica em São Luís representa uma oportunidade única de compreender melhor a história do Brasil e ressalta a importância de garantir a preservação desses achados. A partir dessas descobertas, espera-se que novas informações sobre a ocupação humana no Brasil pré-histórico possam ser reveladas.