A CIDH afirmou nas redes sociais que o Estado deve sancionar os responsáveis materiais e intelectuais pelo assassinato e levar em consideração o papel de defensora dos direitos das pessoas afrodescendentes desempenhado por Mãe Bernadete.
Mãe Bernadete era integrante da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ) e ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho. Ela foi morta a tiros em sua casa e terreiro religioso enquanto assistia televisão com dois netos e mais duas crianças.
A líder quilombola tinha denunciado diversas vezes a violência enfrentada pelas comunidades quilombolas e relatado ameaças de morte a várias instâncias governamentais. Desde 2017, Mãe Bernadete estava no programa de proteção de defensores de direitos humanos devido ao assassinato de seu filho, Binho do Quilombo, também a tiros.
O secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas, informou em entrevista à Agência Brasil que a Polícia Civil está investigando o caso com várias linhas de investigação. Segundo ele, a atuação de Mãe Bernadete desagradava diversos poderes econômicos e a Polícia Federal também abriu um inquérito para investigar o caso.
Felipe Freitas destacou que não é possível afirmar a qual interesse Mãe Bernadete havia contrariado, pois sua defesa da comunidade poderia ter irritado muitas pessoas e grupos. Desde organizações ligadas ao tráfico de drogas até grupos econômicos com interesse na exploração do território, os responsáveis pela morte do filho de Mãe Bernadete podem estar envolvidos nesse contexto.
Além da CIDH, a Organização das Nações Unidas (ONU) também condenou o assassinato da liderança quilombola. As entidades internacionais demonstraram preocupação com a violência contra líderes quilombolas e exigiram uma resposta imediata das autoridades brasileiras para garantir justiça nesse caso.