A pesquisa teve como objetivo avaliar se houve aumento no nível de intolerância contra os seguidores do islamismo como resultado do ataque de outubro. Ao todo, 310 pessoas responderam ao questionário, entre os dias 10 e 18 de novembro. A maioria dos entrevistados apontou que já havia observado atitudes de intolerância antes do ataque do Hamas. Após o ataque, 56% dos homens e 69,2% das mulheres relataram um aumento significativo na intolerância.
Além disso, a pesquisa também buscou avaliar a atuação da imprensa no contexto da islamofobia. A maioria dos participantes considerou que a cobertura jornalística em torno do ataque contribuiu muito para a intolerância contra os muçulmanos.
A pesquisa também evidenciou a confusão entre a caracterização de muçulmanos, árabes e palestinos, configurando o orientalismo. A maioria dos entrevistados acredita que as pessoas em geral não sabem fazer essa diferenciação corretamente.
A antropóloga e pesquisadora Francirosy Campos Barbosa, que coordena o Gracias, destacou que a comunidade islâmica ainda não está coletivamente preparada para enfrentar agressões nas redes sociais, e que isso acaba fazendo com que cada um tenha que se defender individualmente.
Por fim, a pesquisa também apontou que muitos muçulmanos adotaram estratégias para se proteger após o ataque, incluindo a alteração na escolha de vestimentas. O uso do lenço islâmico, em particular, foi afetado, com 26,4% das entrevistadas relatando ter alterado algo em suas roupas após o ataque.
Assim, a pesquisa evidencia a crescente islamofobia no Brasil e a necessidade de um debate mais amplo sobre os impactos do ataque de outubro e suas consequências para a comunidade muçulmana no país.