Deputados adiam votação da privatização da Sabesp após cinco horas de debates acalorados na Assembleia de SP

Na noite desta segunda-feira (4), deputados estaduais de São Paulo deram início a um extenso debate sobre a privatização da Sabesp, companhia de saneamento do estado. Após cinco horas de discussões, o primeiro dia de debates foi encerrado sem votação, com a expectativa de que as conversas sejam retomadas na terça-feira (5) a partir das 19h.

Durante as sessões, parlamentares da oposição ao governo de Tarcísio de Freitas foram os principais protagonistas, expressando suas preocupações e tentando atrasar a votação da desestatização. Entre as acusações feitas pelos parlamentares da oposição, alega-se que o governo prometeu liberar R$ 20 milhões em emendas para os deputados que votarem a favor da privatização, o que foi negado pela base governista.

Os deputados governistas têm como objetivo aprovar o projeto até quarta-feira (6), enquanto a oposição tenta prolongar os debates até a próxima semana. Para isso, evitaram marcar presença nas sessões, na tentativa de forçar um cancelamento por falta de quórum, além de utilizarem as ferramentas previstas no regimento da Assembleia para apresentar questões de ordem.

No plenário, a plateia se dividiu entre manifestantes contrários e favoráveis à venda da empresa, que empunhavam faixas com mensagens expressando suas opiniões. O presidente da Casa, André do Prado, manifestou a possibilidade de impedir a presença do público nas próximas sessões devido ao clima de animosidade.

Entre as críticas feitas pelos parlamentares da oposição estão a ausência de previsão de arrecadação com a venda da empresa e a redução das tarifas após a privatização. O governo afirma que esses dados serão apresentados até janeiro, na próxima fase de estudos da privatização, após a aprovação do projeto na Assembleia.

A base bolsonarista também marcou presença no plenário, sendo vaiada pelos manifestantes. Parlamentares da esquerda argumentam que o processo de desestatização da Sabesp não estava no programa de governo e que a proposta foi um “estelionato eleitoral”. O projeto precisa de 48 votos dos 94 deputados para ser aprovado.

Recentemente, o governador Tarcísio de Freitas recebeu parlamentares do bloco bolsonarista em uma reunião de mais de 5 horas, fazendo concessões para garantir os votos necessários para a aprovação da privatização da Sabesp, incluindo a promessa de não enviar projeto de lei de aumento do ICMS, imposto estadual.

Uma pesquisa Datafolha realizada em abril apontou que 53% dos moradores do estado de São Paulo são contrários à venda da empresa, enquanto 40% são favoráveis. A expectativa é de que as discussões continuem acaloradas nos próximos dias, colocando em evidência as divergências e objeções em relação à privatização da Sabesp.

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