Segundo o documento, qualquer caminho para alcançar os objetivos de longo prazo do Acordo de Paris deve incluir a agricultura e os sistemas alimentares. Além disso, a agricultura e sistemas alimentares também devem ser colocados nos planos de adaptação, estratégias de longo prazo, estratégias nacionais de biodiversidade, planos de ação e em outras estratégias relacionadas.
As ações precisam ser tomadas antes da COP30, em 2025, agendada para ocorrer em Belém, Brasil. O documento aponta que os possíveis progressos coletivos já serão revisados na próxima conferência climática, em 2024.
A declaração fala em orientação de políticas e apoios públicos voltados para agricultura e alimentação para redução de emissões, aumento de rendimentos, eficiência hídrica, e também para redução de desperdício de alimentos e degradação de ecossistemas.
Além disso, a declaração fala sobre a necessidade de continuar a escalar diferentes formas de financiamento e de acelerar “inovações baseadas em evidências —incluindo conhecimento local e indígena—”, para aumentar a produtividade sustentável e promover resiliência do ecossistema, além de melhorar as condições de vida de produtores.
A declaração é vista com bons olhos por especialistas. Renata Potenza, coordenadora de projetos da iniciativa clima e cadeias agropecuárias no Imaflora, vê com bons olhos o prazo apontado no documento —ou seja, 2025, ano em que os países devem apresentar novas metas climáticas. Segundo a especialista, o Brasil ocupa uma posição privilegiada para liderar essa agenda.
Apesar disso, a preocupação com transição da declaração para a ação também foi destacada por Ludmilla Rattis, cientista no Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e no Woodwell Climate Research Center.
Internacionalmente, a declaração também foi bem recebida. O CEO da ONG Mighty Earth, Glenn Hurowitz, afirmou que “levou três décadas para que a fonte de um terço da poluição climática entrasse na agenda climática, mas estamos emocionados que esteja lá”. No entanto, Hurowitz questionou a inclusão de um aspecto no documento, afirmando que não pede a única ação que terá o maior impacto, que é comer menos carne e aumentar o consumo de proteínas à base de plantas deliciosas e outras alternativas.
Além do lançamento da declaração, a COP28 também foi palco de um apelo da sociedade civil para a integração do tema de sistemas alimentares ao Acordo de Paris. Entidades como a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, The Nature Conservancy, WWF, Danone, Nestlé, Tetra Pak, Unilever e C40 Cities instaram que a confluência de crises é uma emergência global sem precedentes, e devemos agir com urgência, esforço e escala adequados.