A origem da comunidade remonta ao final do século 19, quando um casal que resistiu ao regime escravocrata recebeu as terras abandonadas do Sítio da Ponte Alta. Ao longo das gerações, as tradições de raízes africanas se mantiveram vivas no convívio coletivo das famílias, que continuaram a cultivar a terra. A criação da Associação dos Produtores Rurais Quilombos do Jaó fortaleceu as 65 famílias e viabilizou a autodeclaração e reconhecimento da comunidade quilombola pela Fundação Cultural Palmares em 2006.
No entanto, somente em novembro de 2016 o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) foi finalizado pelo Incra, e mais sete anos se passaram até que a comunidade pudesse acessar o direito ao seu território. Durante esses 17 anos, a luta pela titulação das terras foi árdua e demonstra os desafios enfrentados pelas comunidades quilombolas em todo o país.
A titulação do território é um passo importante para a garantia dos direitos dessas comunidades, que historicamente enfrentam o descaso e a invisibilidade por parte do poder público. Além disso, a conquista da titulação representa a preservação da cultura e tradições quilombolas, garantindo que suas práticas sejam perpetuadas ao longo das gerações. A comunidade Jaó poderá agora viver, plantar e cultivar sua cultura em um território reconhecido e protegido por lei.