O relatório da ClimaMeter, plataforma desenvolvida pela equipe do laboratório de ciências do clima e do ambiente na Universidade Paris-Saclay, na França, aponta que as ondas de calor estão se tornando mais frequentes em novembro do que em outubro e dezembro. A análise se concentrou em São Paulo, Rio de Janeiro e Corumbá (MT) usando como parâmetros os eventos atuais, de 2001 a 2022, e os do passado, de 1979 a 2000.
Segundo o relatório, as variações naturais de temperatura dos oceanos, como as oscilações decadal do Pacífico e multidecadal do Atlântico, também podem ter influenciado a intensidade do calor. No entanto, a presença de gases de efeito estufa na atmosfera causou um aumento nas temperaturas. Isso resultou em temperaturas mais altas, menos chuva e maior pressão atmosférica, contribuindo para a onda de calor.
A análise da ClimaMeter está alinhada com o relatório de 2021 do IPCC, que aponta o aumento de frequência e intensidade de ondas de calor sobre a América do Sul, com exposição de populações urbanas a calor extremo. A onda de calor afetou de forma desigual as áreas urbanizadas, especialmente as periféricas, como favelas, que sofreram com a falta de energia elétrica.
Os pesquisadores apontam que é preciso adaptar a geografia das cidades e a capacidade de ajudar aqueles que estão mais vulneráveis a esses eventos. Por fim, o relatório da ClimaMeter evita falar em atribuição, ciência que busca determinar a influência da atividade humana em eventos climáticos extremos, e diz que não trabalha com modelagem. Eles buscam verificar as influências mútuas da variabilidade natural com a mudança climática causada por humanos.