Mudanças no currículo das escolas da rede paulista incluem menos artes e mais português e matemática a partir de 2024

O Governo de São Paulo anunciou uma reformulação no currículo das escolas da rede estadual, que terá impacto direto nas disciplinas oferecidas aos alunos. De acordo com informações obtidas com exclusividade pelo jornal Folha, as mudanças incluem diminuição das aulas de artes e aumento das aulas de português e matemática.

As matérias eletivas, que anteriormente podiam ser escolhidas pelas escolas, serão substituídas por aulas de recuperação e preparo para o vestibular. As alterações foram definidas ao longo do primeiro ano de gestão do governo Tarcísio de Freitas e passarão a valer a partir de 2024, abrangendo o ensino fundamental 2 (do 6º ao 9º ano) e o ensino médio.

As novas grades curriculares serão apresentadas aos supervisores da rede de ensino do estado nesta sexta-feira (17). Para o ensino médio, as mudanças mais significativas serão a redução dos atuais 11 itinerários formativos para apenas dois: Exatas/Ciências da Natureza e Linguagens/Ciências Humanas.

No que diz respeito às disciplinas regulares, foram identificados aumentos significativos. As aulas de português terão um acréscimo de 60% em relação ao currículo atual, passando de 10 para 16 aulas semanais. Já as aulas de matemática terão um aumento de 70%, passando de 10 para 17 aulas por semana. Em contrapartida, as aulas de artes, filosofia, sociologia, tecnologia/robótica e as matérias eletivas foram reduzidas, além de terem sido completamente eliminadas.

Para os que optarem pelo itinerário de Linguagens/Ciências Humanas, a carga horária de artes, filosofia, sociologia e tecnologia/robótica será maior, assim como a de tecnologia/robótica para os alunos que escolherem o itinerário de Exatas/Ciências da Natureza.

Essas mudanças têm como objetivo ajustar o currículo às alterações previstas no novo ensino médio, conforme o projeto de lei encaminhado pelo governo Lula ao Congresso. Esse projeto prevê um aumento das matérias de formação básica, como português e matemática, de 1.800 para 2.400 horas, e uma redução da carga horária dos itinerários, de 1.200 para 600 horas.

O secretário de Educação do estado, Renato Feder, afirmou à Folha que as mudanças foram pensadas para se ajustar facilmente às alterações propostas pelo projeto de lei. Além disso, o fundamental 2 também sofrerá mudanças significativas, com inclusão de aulas de recuperação de português e matemática, além da eliminação das matérias eletivas.

Essas alterações geraram polêmica no Paraná, estado que foi gerido por Feder de 2019 a 2022. Após anunciar a eliminação das aulas de artes para dar espaço às aulas de computação, o secretário Roni Miranda teve de voltar atrás devido às críticas, mantendo as aulas de artes no currículo.

No entanto, Feder defende a redução das aulas de artes, afirmando que elas terão um protagonismo no ensino médio, no itinerário de Linguagens/Ciências Humanas. Ele também destacou a criação de um espaço na grade chamado esporte/música/arte para as escolas de tempo integral.

Por fim, o secretário ressaltou que essas escolas atendem a minoria dos alunos, em torno de 20%, e que a nova grade curricular visa ajustar-se às necessidades dos estudantes e das mudanças propostas para o ensino médio. As mudanças provocaram questionamentos e discussões sobre a importância das artes e das matérias eletivas no currículo escolar.

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