O Efeito McGurk: A Interferência da Visão e do Tato na Percepção Auditiva e suas Implicações na Neurociência e na Fixação de Crenças.

Neurociência e os fenômenos sensoriais – Descoberto em 1976, o efeito McGurk revelou que muitas pessoas ao verem lábios se movendo em silêncio para dizer “ga”, mas sincronizados com o som “ba”, escutaram “da”. Esse fenômeno, conhecido como efeito McGurk, tem variações facilmente encontradas em vídeos na internet. Além disso, estudos mostram que, assim como a visão, o tato também pode influenciar a percepção auditiva. Isso foi evidenciado por um experimento que mostrou que um toque no pescoço aumentou a probabilidade de perceber um som que demanda expiração de ar, normalmente confundindo os voluntários ingleses em relação aos sons associados com sotaque britânico.

Estudos mais recentes mostram que o cérebro integra informações sensoriais de forma a criar uma experiência consciente unificada. Nossa capacidade de interpretar e compreender sons e movimentos labiais está profundamente ligada à nossa memória e às experiências prévias. No entanto, quando ocorre uma incongruência entre estímulos síncronos, o cérebro cria uma impressão que melhor atenda à soma das duas percepções sem nos darmos conta da inconsistência. Essa fusão de estímulos em um mapa mental previamente construído é o que nos permite interagir de forma ordenada com o mundo ao nosso redor.

Além disso, o efeito McGurk parece ser blindado à cognição, já que persiste mesmo depois de alertadas as pessoas sobre a discrepância entre o que veem e o que ouvem. No entanto, estudos demonstram que o efeito perde sua força se a atenção visual é atenuada, sugerindo que fechar os olhos pode ser um bom recurso para ouvir de forma mais fidedigna.

E se o assunto é erro de percepção, a armadilha cognitiva se estende para além do efeito McGurk. Um exemplo disso é a desconfiança em relação aos interesses da indústria farmacêutica em vender remédios, que muitas vezes gera estigmas e ideias equivocadas sobre o uso de determinados medicamentos. A mensagem final é de que é melhor não acreditar em tudo o que ouvimos e questionar as nossas conclusões para evitar cair em armadilhas cognitivas.

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