Centenas de milhares de toneladas de microplásticos liberados por abrasão de pneus revelam desafios ambientais e demandam soluções inovadoras

Centenas de milhares de toneladas de microplásticos são liberadas no meio ambiente anualmente devido à abrasão dos pneus. Esse problema tem chamado a atenção de especialistas e liderado empresas a procurar soluções para minimizar o impacto ambiental causado por essa forma de poluição.

Uma das empresas que está trabalhando nesse sentido é a Emission Analytics, que mede poluentes com o objetivo de entender essa questão. Segundo Nick Molden, fundador da Emission Analytics, a quantidade de poluentes liberada pelos escapamentos dos carros vem diminuindo a cada ano, enquanto a quantidade liberada pelos pneus vem aumentando, devido ao aumento do peso dos veículos.

A abrasão dos pneus libera cerca de 500 mil toneladas de microplásticos por ano. A cada freada, aceleração e movimento dos veículos, pequenas partículas de plástico são liberadas, totalizando cerca de quatro quilos de microplásticos ao longo da vida útil de um pneu. Esse problema não pode ser resolvido sozinho e requer uma cooperação estreita entre a ciência, a pesquisa e a indústria, segundo Daniel Venghaus, cientista da Universidade Técnica (TU) de Berlim.

Além disso, serviços de saneamento básico e planejamento de tráfego urbano também desempenham um papel importante na redução dessa forma de poluição. Indivíduos também podem contribuir dirigindo de forma mais defensiva ou optando pelo transporte público.

A Michelin, fabricante de pneus, está buscando soluções para esse problema. Atualmente, eles estão desenvolvendo pneus mais duráveis, o que reduziria em média 5% do desgaste. No entanto, ainda não descobriram como produzir um pneu durável que não cause a liberação de partículas.

O aditivo químico 6PPD presente nos pneus tem se mostrado tóxico para o meio ambiente. Ele pode oxidar quando chega aos rios, causando danos aos organismos, como o salmão prateado. Esse aditivo também é absorvido pelas folhas de alface, tornando-a tóxica para consumo humano. Pesquisadores da Universidade de Viena comprovaram essa contaminação em um estudo.

Enquanto não surge um pneu livre de abrasão, diversas soluções estão sendo desenvolvidas para minimizar o impacto dos microplásticos liberados pelos pneus. Uma delas é o uso de dispositivos de filtragem instalados em bueiros em pontos críticos de abrasão. Esses dispositivos são capazes de reter até 66% das partículas finas e 97% da poluição.

Outra solução em desenvolvimento é a criação de materiais renováveis ou reciclados para substituir os aditivos químicos dos pneus. No entanto, essa pesquisa demanda tempo para garantir que os novos materiais não sejam tóxicos ou prejudiquem a segurança dos pneus.

Discussões sobre o impacto do desgaste dos pneus têm ganhado espaço em Bruxelas. A União Europeia pretende estabelecer valores limites para a abrasão dos pneus com a norma Euro 7. A proposta também requer a definição de um procedimento padronizado para medir a abrasão, já que atualmente as medições são feitas pelas fabricantes de pneus.

No contexto político, a redução do transporte individual é apontada como uma solução desconfortável, mas eficiente para reduzir o desgaste dos pneus. Afinal, se um pneu não rola, não produz abrasão.

Enquanto aguardamos soluções mais eficazes para minimizar a liberação de microplásticos pelos pneus, é importante que a ciência, a indústria, os governos e os indivíduos continuem buscando alternativas e adotando medidas para proteger o meio ambiente e a saúde humana.

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