Grupo chileno de educação infantil Vitamina deixa rastro de problemas judiciais, dívidas e críticas de pais e professores após retirada silenciosa do Brasil.

O grupo chileno de educação infantil Vitamina, que chegou ao Brasil em 2019 com planos de revolucionar o setor, está enfrentando problemas judiciais, dívidas e críticas de pais e professores. A empresa comprou 37 escolas, a maioria em São Paulo, e tinha a intenção de ter mais de cem unidades no país. No entanto, após quatro anos, o grupo está se retirando silenciosamente do mercado, deixando um rastro de problemas.

O Vitamina recebeu um investimento financeiro da Península, empresa da família de Abílio Diniz, para entrar no país. No entanto, a relação entre as duas partes começou a apresentar problemas e o fundo brasileiro se retirou do negócio no ano passado. Desde então, funcionários e fornecedores têm enfrentado atrasos e falta de pagamentos, e algumas escolas estão fechando suas portas.

O grupo acumula cerca de 300 processos, sendo cerca de 250 trabalhistas e 50 cíveis, totalizando cerca de R$ 100 milhões em dívidas. Muitos pais e ex-funcionários se sentem enganados pelo Vitamina e estão se mobilizando para denunciar os problemas enfrentados. Um grupo chamado Apoio às Vítimas da Escola Vitamina em SP possui mais de 500 membros e organizou um protesto em frente ao Consulado do Chile, na avenida Paulista, para chamar a atenção para a situação.

Diversas pessoas relatam casos de problemas causados pelo grupo Vitamina. Maurício Lima, dono de uma escola vendida para o grupo, afirma que o Vitamina parou de pagar o aluguel e agora ele está enfrentando um processo de despejo no valor de mais de R$ 400 mil. Outra ex-proprietária, Soraia Nunes, também vendeu sua escola para o Vitamina, mas não recebeu o pagamento acordado e a unidade encerrou suas atividades este ano.

Além disso, muitos ex-funcionários também estão sofrendo com a falta de pagamento de salários e benefícios trabalhistas. Luana Pereira, auxiliar de limpeza, afirma que não recebeu salários, férias e o FGTS durante o tempo em que trabalhou para o grupo. A professora Danielle Paranhos relata que foi demitida sem receber seus direitos e agora está enfrentando dificuldades financeiras.

Fornecedores também estão sendo afetados pela situação. Nenê, proprietário de uma casa de frutas e verduras, afirma que o grupo deve mais de R$ 400 mil em pagamentos. Ele deixou de ser atendido pelos contatos do Vitamina e não recebe mais nenhum tipo de comunicação da empresa.

Diante de todos esses problemas, o grupo Vitamina está sendo alvo de várias ações judiciais, incluindo processos de despejo por falta de pagamento de aluguel. Pais, ex-funcionários, ex-donos de escolas e fornecedores estão exigindo uma resposta do grupo e uma solução para os problemas causados por ele. A situação está sendo acompanhada pela reportagem, que encontrou pelo menos 45 processos judiciais envolvendo o Vitamina.

A empresa tem mantido algumas escolas em funcionamento, porém, muitas delas estão enfrentando dificuldades financeiras e falta de qualidade no ensino oferecido. Pais e ex-funcionários estão indignados com a falta de transparência e responsabilidade do Vitamina, que está deixando um grande número de pessoas em situação difícil. A reportagem entrou em contato com o grupo, mas até o momento não recebeu resposta.

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