Essa melhora no déficit projetado se deve principalmente ao aumento do saldo comercial, que passou de R$ 54 bilhões para R$ 68 bilhões. Esse aumento é resultado do crescimento das exportações, que passaram de US$ 335 bilhões para US$ 341 bilhões, e da redução das importações, que passaram de US$ 281 bilhões para US$ 273 bilhões.
A revisão na projeção das exportações reflete principalmente o aumento do volume de produtos básicos exportados, como petróleo e minério de ferro. Além disso, a safra recorde de grãos de soja e milho também contribuiu para o aumento das exportações agrícolas. Já nas importações, a revisão incorpora uma redução mais acentuada dos preços, principalmente para bens intermediários e bens de consumo duráveis.
No que diz respeito aos serviços, a expectativa é de um déficit de US$ 36 bilhões, abaixo dos US$ 40 bilhões registrados em 2022. O aumento nos gastos com outros serviços, como aluguel de equipamentos, tem compensado a redução nos déficits das subcontas de transporte e viagens. Além disso, a inclusão das despesas com jogos e apostas tem contribuído para o aumento do déficit nessa conta.
Já na conta de renda primária, a projeção de déficit foi revisada para cima, com maiores despesas líquidas com juros e lucros e dividendos. Isso ocorre devido ao desempenho mais forte do setor agropecuário e indústria extrativa, além da queda nas receitas com investimentos no exterior.
No que se refere ao investimento estrangeiro, a projeção de Investimento Direto no País (IDP) em 2023 foi reduzida de US$ 75 bilhões para US$ 65 bilhões. No entanto, espera-se uma redução nas amortizações de empréstimos intercompanhia, que podem ter sido favorecidas pelas receitas do comércio internacional no primeiro semestre.
Em relação aos investimentos em carteira, a projeção foi revisada para entradas líquidas de US$ 10 bilhões. Isso é reflexo do saldo positivo concentrado em títulos observado até julho, além da melhora no ambiente para emissões de títulos no exterior.
Para 2024, o BC apresentou a previsão de um déficit de US$ 37 bilhões nas contas externas do país. Espera-se um avanço nas exportações maior do que nas importações, resultando em um novo recorde de saldo comercial de US$ 71 bilhões. No entanto, prevê-se um aumento no déficit de serviços e uma ligeira redução nas despesas de renda primária.
Ao analisar essas projeções, o BC espera que o IDP atinja US$ 75 bilhões em 2024, voltando a patamares compatíveis com os do período pré-pandemia. Para os investimentos em carteira, espera-se novas entradas líquidas de aproximadamente US$ 10 bilhões.
Essas projeções mostram uma perspectiva favorável para as contas externas do país, com o recuo no déficit das transações correntes e o aumento das exportações. No entanto, é importante acompanhar os desdobramentos econômicos e as condições globais que podem afetar o desempenho das contas externas nos próximos anos.