Diante da perda, Lucas se vê diante de questionamentos sobre seu futuro: deve permanecer no internato onde estuda ou seguir seu irmão mais velho, Quentin, interpretado por Vincent Lacoste, que vive em Paris. A decisão de seguir Quentin se torna inevitável, pois além de ser seu guia na transição da adolescência para a idade adulta, Paris oferece novas experiências e conhecimentos, incluindo a iniciação de Quentin como artista plástico.
Em Paris, Lucas conhece Lilio, interpretado por Erwan Kepoa Falé, um aspirante a artista plástico que logo desperta sentimentos e desejos em ambos os irmãos. A relação entre Lucas e Quentin passa por turbulências, enquanto a conexão de Lucas com Lilio se desenvolve de forma sexual. O filme não se escandaliza com a sexualidade de Lucas, nem com temas como a morte e ressurreição discutidos em diálogos com um padre.
“Inverno em Paris” oferece um olhar maduro e despojado sobre o luto, sem cair em clichês ou melodrama. A representação aberta e autêntica das relações sexuais de um jovem gay é uma das virtudes do filme, que foge da estética superficial típica de outros diretores. Christophe Honoré conduz a história de Lucas de forma agradável e eficaz, sem jamais perder a sensibilidade e profundidade necessárias para lidar com um tema complexo como o luto e a descoberta da sexualidade.
Ao final, o filme deixa em aberto o destino de Lucas, em consonância com a visão de François Truffaut sobre a adolescência como um período de provas a serem superadas. A jornada de Lucas é marcada por amores, sobressaltos e a travessia do luto de volta à vida, com personagens como Lilio e Quentin desempenhando papéis essenciais e complexos. “Inverno em Paris” é um filme que equilibra a leveza e a seriedade com maestria, resultando em uma obra cinematográfica cativante e reflexiva.