O economista André Braz, do FGV Ibre, explicou que essa aceleração dos preços está relacionada com questões sazonais e com a crise climática, que têm impactado o setor agropecuário e encarecido alimentos no país. Segundo ele, se a seca persistir nos próximos meses, prejudicando as safras com ciclos produtivos mais longos, a tendência é que a inflação para o consumidor final seja pressionada.
Braz também alertou para o aumento nos preços da energia elétrica devido à estiagem no Brasil. Isso eleva o risco de a inflação para o consumidor final fechar 2024 acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, que é de 4,5% no acumulado de 12 meses até dezembro. O IPCA, divulgado pelo IBGE, registrou uma variação de 4,24% até agosto e Braz projeta que fechará o ano na faixa de 4,3% a 4,6%, dependendo do quadro energético.
O IPA, que reflete as variações de preços de produtos agropecuários e industriais no atacado, possui um peso considerável no IGP-M, também divulgado pelo FGV Ibre. Este índice é conhecido como “inflação do aluguel” e influencia o reajuste de contratos de locação de imóveis. Além do IPA, o IPC e o INCC também compõem o IGP-M, contribuindo para a composição desse indicador. Durante a pandemia, o IPA chegou a acumular uma inflação de 50,21% nos 12 meses até maio de 2021, mas perdeu força e registrou deflação em 2023. No entanto, em 2024, voltou a mostrar taxas positivas no acumulado de 12 meses, ainda distantes dos picos observados na pandemia.